quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Fim!

Para terminar de fato o meu registro de viagem tinha uma frase do Paul Theroux, escritor de literatura de viagem, que eu queria ter colocado quando cheguei ao Brasil, mas que só encontrei agora.

Obrigada a todos que, de alguma forma, conseguiram manter contato comigo e fazer eu me sentir um pouquinho mais perto de casa.

"A grande viagem é apenas uma maneira de um homem inspirado tomar o rumo de casa."
- PAUL THEROUX -

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Continuando Namíbia e África do Sul!

Swakopmund é super limpa e organizada, ou seja, ultra-alemã, inclusive dá pra ouvir alemão em toda a esquina sendo que vários deles vivem no país.

Visitei o museu da cidade que compila informação sobre os costumes locais, época da colonização, ocupação alemã e sul-africana, minerais encontrados no deserto, animais, etc....de tudo um pouco e de chato um muito =/

Mais tarde fomos no cinema assistir Hangover, encontramos a galera numa pizzaria e terminamos a noite no bar do hotel onde conheci uma alemã que mora na Namíbia e é apaixonada pelo Brasil, especialmente por São Paulo! Eita.

No dia seguinte caminhei pela praia e fui até as dunas, um pedacinho do famoso deserto da Namíbia. Sério, é de cair o queixo como estas dunas são grandes.

Pro almoço um autêntico schintzel alemão e depois um tour nas townships locais, ou, em bom português, favela. Não sei se a condição dos moradores é pior ou melhor do que na favela paulistana, mas que a favela em si é muito mais organizada e decente isso é. Primeiro que não é um monte de casa uma cima da outra no morro, mas sim um monte de casas uma ao lado da outra, em ruas como se fosse um bairro normal, só que obviamente as casas são igualmente precárias. O que eu achei impressionante é que eles têm todo um sistema de distribuição de água. A cada 9 ou 10 casas existe uma bomba de água na qual cada família tem direito a uma certa quota por semana, de maneira que a água é gratuita e distribuída igualmente entre as famílias. Também tem os banheiros que ficam fora das casas. Cada banheiro é para o uso de duas famílias, cada família com 6 ou 7 integrantes, sem descarga e sendo limpos 2 vezes por semanas. Hmm, não muito agradável de imaginar, hein.

Na township visitamos a casa de três locais. A primeira casa foi de uma mulher da tribo dos Hereros, cujo costumes são bem arcaicos, do tipo quando um homem casa com uma mulher, se esta achar que precisa de mais ajuda na casa ou quer ter mais filhos mas já passou da idade ela escolhe uma nova esposa para o marido, ou seja, desde que a primeira mulher aceite e escolha a próxima vítima ele pode ter várias esposas...e com isso muita dor de cabeça!

Falando em cabeça ela ainda usava uma roupa típica, um vestido estampado com um chapéu com dois chifres. Disse ela que era para que ficassem semelhantes às vacas! O porquê fiquei sem saber.

A segunda casa que visitamos foi de uma senhora de 85 anos (Lena) que é a chefe da vila. Não chefe no sentido próprio da palavra, mas mais como se fosse uma conselheira. As pessoas, em momentos de dúvidas, brigas ou por não saberem o que fazer em determinada situação vão à casa dela pedir conselhos. Ela é super bem vista na vila e todos a respeitam, mas hoje em dia ela disse que o número de pessoas que a procuram é cada vez menor devido à modernidade.

A terceira e última casa foi a da Augustina, a curandeira da vila, que nos mostrou os remédios naturais que ela usa para os mais diversos fins, incluindo cu de hiena e merda de elefante...imaginem que todas essas iguarias passaram de mão em mão e nós ainda cheiramos cada uma delas!

Depois passeamos pela vila com dezenas de crianças nos seguindo, tomamos cerveja com os locais no bar local e, por fim, jantamos comida local: feijão, frango, espinafre, uma massa tipo polenta e, acreditem se quiser, caterpillar (me fugiu o nome em português, mas é aquela larvinha que vira borboleta)!!!!

Olha que pra ser sincera não é ruim não, é só uma questão de você desvincular da cabeça a idéia de estar comendo uma larva crocante, mas o sabor não é dos piores...mas também não é nenhuma coisa imperdível. Bom, ninguém realmente apreciou, salvo a Cheryl que gostou e comeu uns vários na seqüência!

No final da noite as crianças cantaram e dançaram para nós. E como remexem!

No último dia em Swakopmund Anna, Jen e eu fomos até o restaurante do farol tomar café da manhã: waffles com frutas e sorvete! Hummmm.

À tarde fomos fazer quad-biking nas dunas do deserto. Aff, é muito legal! Primeiro eles explicam que as motos automáticas têm um limite de 60km/h e eu achei que era pouco e que ia ficar comendo areia atrás de todo mundo, mas quando você está lá nas dunas você percebe que é velocidade mais que o suficiente e que o negócio é rápido e chega a dar medo, pelo menos no começo. É que as dunas são enormes, altas mesmo, e a gente sobe até quase o topo delas com as motos e depois desce na maior velô e demora um pouquinho até pegar o jeito. E como são lindas as dunas! De tirar o fôlego. Uma imensidão de sobes e desces de areia com diferentes cores dependendo do reflexo do sol, extraordinário mesmo.

No dia que deixamos a cidade tínhamos longas horas de estrada pela frente, quase a tarde inteira. Era aniversário da Cheryl, então como íamos passar quase o dia todo dentro do caminhão fizemos uma festa ali mesmo. Com vários jogos, músicas e drinking games fomos o caminho inteiro festejando e dançando, o caminhão chacoalhando pra lá e pra cá. E quando chegamos no acampamento ainda improvisei uma caipirinha pra galera, que adorou!

Finalmente chegamos no coração do deserto da Namíbia, e é ainda mais impressionante que o lugar onde fizemos o quad-biking. As dunas são muito mais altas, as areias alaranjadas, quase vermelhas e os olhos se perdem no horizonte.

Subimos uma das dunas a pé até o topo (mais ou menos 150m) e vou dizer que apesar da altura ser pequena haja pernas pra subir um monte de areia! Os pés atolam a toda hora e o vento incessante não pára de jogar areia em você. Na segunda parada no deserto o lugar para se visitar era o Death Valley, uma vale no meio das dunas com árvores secas, mas o caminhão não podia ir até lá. As opções eram andar 2km ou pagar um dos guias para te levar até lá num jipe. Óbvio que eu fui com a segunda opção...não me chamem de folgada, mas é que o vento estava mesmo muito forte!

Desde que decidi vir pra África e escolhi o roteiro que iria fazer o deserto vermelho da Namíbia sempre foi um dos locais que estive esperando mais por visitar. Não deixou a desejar, valeu cada segundo que passei ali. Volto a repetir: é muito lindo, de tirar o fôlego, um daqueles lugares que tez faz pensar em como somos pequenos perante a natureza.

Enfim, deixando o deserto de lado, nosso último destino no país antes de cruzarmos a fronteira foi uma passada rápida no Fish River Canyon, o segundo maior cânion do mundo (o primeiro sendo o Grand Canyon, nos EUA). Eu que tive o privilégio de estar nos dois devo dizer que o do Tio Sam é infinitamente mais bonito. Falta graça no africano, falta a grandeza dos vales e das fossas e as enormes fissuras nas rochas que fazem o cânion americano único.

Mas valeu a pena, especialmente porque terminamos a visita no cânion vendo o sol se pôr enquanto tomávamos vinho e comíamos queijo, um luxo pelo qual esperamos a viagem inteira.

ÁFRICA DO SUL

Tudo o que é bom dura tempo o suficiente para se tornar inesquecível. Depois de quase 2 meses acampando na África e quase 6 meses viajando mundo afora o que parecia tão distante chegou: o último pais, África do Sul!

Nada mais digno que no país conhecido por ter tantas vinícolas e bons vinhos iniciássemos nossa visita com uma parada em uma delas. Portanto nossa primeira noite em terras sul-africanas foi neste acampamento chamado de Highlanders, onde o dono possui uma pequena vinícola e pudemos então fazer uma degustação de vinhos...com mais queijo!!!

Foi também a última noite que acampamos e tivemos que dar tchau às nossas barracas. Acho que não tinha mencionado, mas cada uma tinha um nome e algumas pessoas se apegaram a elas por conta disso. Nunca mais iria dormir na minha querida Hansa.

Obs: Cada nome era o nome de uma cerveja africana! Hansa é uma cerveja da Namíbia.

Partimos então para Stellenbosch, uma cidadezinha perto de Cape Town famosa por hospedar as melhores vinícolas do país. No caminho fiquei encantada com as estradas, que diferente do que estávamos acostumados desde o Zimbábue, começaram a apresentar bosques esverdeados e floridos ao invés daquela mata seca de tons pastéis.

No primeiro dia não fizemos nada de mais em Stellenbosch. A única curiosidade foi que jantei num restaurante tailandês, na África do Sul cujo dono era português. Pode? Como diria meu querido vovô José: essa não deu!

Já no segundo dia sim, fizemos um tour pelas vinícolas. Quatro no total e cada uma com degustação de vinhos inclusa. Uma delas inclusive com degustação de queijo, um melhor que o outro. Mas o melhor foi o queijo 100% de cabra, aff, muito bom, derrete na boca!

Bem, agora imaginem só como não estava o estado das pessoas no final do dia após visitar 4 vinícolas e experimentar uma média de 5 vinhos em cada uma...tsc tsc. Só sei que quando eu voltei pro albergue devorei o jantar...será que tem alguma relação? Hehehe.

Deixando o líquido dos deuses de lado era hora de seguir pra Cape Town.

Depois de 53 dias viajando pelo sudeste africano nas mais inóspitas estradas o caminhão não apresentou nenhum problema. A 45 minutos de Cape Town, numa estrada asfaltada de boa qualidade e no único dia da viagem inteira que estava chovendo adivinhem: quebrou!

Sim! A suspensão de uma das rodas quebrou ali, no meio da rua, obrigando todos a descerem e esperarem embaixo de chuva por duas horas até o conserto. Bom, se já não há um ditado que diz isso, digo eu: sempre acontece uma cagadinha quando você pensa que as coisas estão terminando bem.

Chegamos com atraso, mas chegamos! A última cidade do roteiro, hora de passar os últimos dias com as pessoas com quem vivi 24 horas por dia nos últimos 2 meses e depois cada um seguir seu rumo. E como passou rápido.

Assim que chegamos Cat, Eleanor, Will e eu fomos caminhando até o porto para comprarmos os tickets da balsa que vai até Robben Island...infelizmente no caminho um sujeito se aproximou e fez do Will a bola da vez. Chegou perto dele falando na língua local e quando percebeu que o Will não entendia, atestando assim sua condição de turista, sacou uma faca do bolso e lhe roubou a carteira com o dinheiro que toda a galera havia dado pra ele comprar os tickets.

A África do Sul é considerado o país mais perigoso do mundo devido ao alto índice de criminalidade, mas eu não havia sentindo um clima de perigo quando passei uma semana em Cape Town no ano passado. Afinal, naquela época éramos mais de 200 pessoas e nenhuma de nós passou por nada parecido.

Não posso dizer o mesmo desta vez. Além do Will, dois dias depois roubaram o celular da Lucy, ficamos sabendo de um assassinato que aconteceu pertinho de onde estávamos hospedados e ainda outro gringo que nos contou que o próprio motorista do táxi que tomou, quando viu que sua carteira estava cheia de dinheiro, também puxou uma faca e o obrigou a entregar a gordinha.

Veja bem, uma semana no ano passado e nada. Quatro dias desta vez e todos estes exemplos. É difícil estereotipar, mas parece que o status de país mais perigoso do mundo se aplica.

Mas atenção, esta experiência não deve ser considerada para todo o continente. Muito pelo contrário. Em todos os países pelos quais passamos antes não me senti ameaçada em nenhum deles. Os locais sempre foram muito amistosos e amigáveis e andar pelas ruas não era problema se tomado os cuidados básicos.

Quero deixar claro que visitar a África do Sul fica a critério de cada um, mas com relação ao resto do continente, este aconselho a todos uma visita, de olhos fechados, pois a África é muito mais do que aquilo que vemos na tevê. Às vezes mais pobre, mas quase sempre mais surpreendente, no sentindo bom da palavra.

Voltando ao relato, fomos fazer o B.O. na delegacia e depois, como nenhum táxi estava passando pela delegacia, um dos policiais ofereceu uma carona e pela primeira vez na vida nós quatro fomos na traseira de um camburão! Viu só, tudo tem seu lado positivo, ganhamos a noite com esta experiência! Hehehehe.

O mais engraçado foi que nesta mesma noite tínhamos marcado nosso último jantar em grupo no Mama África, um restaurante famoso na cidade, e chegamos arrasando no camburão da polícia! Uh-hul!

O jantar no Mama África foi super legal. A banda ao vivo era ótima, foi nosso último jantar com todo mundo reunido e ainda pudemos provar as últimas iguarias africanas: espetinho de crocodilo e bife de avestruz. Os dois muito bons, mas o avestruz deixou o crocodilo no chinelo com sua maciez e gosto de picanha. Juro! Quem tiver a oportunidade faça a prova.

O resto dos dia em Cape Town foram tranqüilos e pude fazer as coisas devagar. Em um dia fui a Table Mountain (cartão postal da cidade) e na Green Square Market (praça de artesanato) e jantamos num restaurante tailandês para a despedida da Anna, que foi a primeira a nos deixar.

Nos outros dias fui ao cinema ver My Sister’s Keeper (com a menina do Miss Sunshine e a Cameron Diaz), andei pelo bairro islâmico do Bo Kaap e suas casinhas cada uma de uma cor, fui até a Robben Island, onde está a prisão onde ficou preso o Nelson Mandela e também alugamos um carro para irmos ver os pingüins na Boulders Beach e descer até o Cabo da Boa Esperança. E ainda, em uma das noites, fui jantar na casa do dono de uma das lojinhas de souvenir da Long Street, um cara dos Camarões que conheci no ano passado com o qual, naquela oportunidade, conversei durante horas. Passei por lá desta vez, ele me reconheceu e me convidou pra jantar na casa dele. Um ótimo cous-cous à francesa. Arranjei convite de hospedagem de graça para a Copa do Mundo e tudo! No meio tempo, cada um foi deixando a cidade aos poucos e dando o seu tchau.

No fim das contas foi uma boa estadia, mas depois de tantas notícias ruins em relação à segurança da cidade a galera estava desconfortável em explorá-la então acabamos nos detendo só aos atrativos turísticos básico mesmo.

No domingo Flemming, Ben, Imogen, Cheryl e eu almoçamos juntos pela última vez no Waterfront e à tarde eu e a Cheryl pegamos o interminável ônibus de 20 horas para Johannesburgo. Olha que até que nem pareceu tão longo, conseguimos dormir bem e chegando em Jo’burg tudo o que queríamos era chegar logo no albergue e nos sentirmos sãs e salvas. Não fizemos turismo dessa vez. Tínhamos apenas um dia na cidade e resolvemos descansar um pouco no albergue, dando-nos o luxo de apenas jantar fora em um restaurante português.

E no dia seguinte...cheguei ao Brasil!!!

sábado, 22 de agosto de 2009

Botsuana e um pouquinho da Namíbia

Aff, tô quase voltando pro Brasil e ainda falta um montão de coisas pra escrever aqui, então aí vai:

BOTSUANA

Ficamos só uma semana no país e a primeira parada foi no Chobe National Park, onde fizemos um cruzeiro pelo rio que cruza o parque. Foi bem legal pois vimos um elefante imenso nadando, vários crocodilos, búfalos, diferentes pássaros e um família de hipopótamos, com bebezinho e tudo! Um dos hippos estava nadando perto do nosso barco e até nos seguiu por uns instantes...reconfortante é saber que hipopótamo é o animal mais perigoso da África pois é o que mais mata seres humanos...uhul!!!

Depois de uma noite de bush camp seguimos para o Okavango Delta, o principal destino turístico de Botsuana. É uma região super rica em flora e fauna devido ao delta do rio Okavango. O delta é enorme e fica afastado da civilização. Para chegar lá é necessário se hospedar em Maun, a cidade mais próxima, e de lá seguir para o delta em um dos Mokoros (canoas feitas de um único tronco de árvore).

O primeiro dia em Maun foi só pra descansar, Internet, etc. Também ganhei um novo parceiro de barraca já que a Liv voltou com o namorado e então eu comecei a dividir o "lar" com o Flemming.

No segundo dia fomos para o delta. A viagem no Mokoro dura 2h30, dois passageiros na canoa, bagagens e só uma pessoa remando!!!! Na verdade nem é remo, porque o delta é super raso, então o “remador” fica em pé na parte traseira do Mokoro e com um bambu vai tocando o chão e empurrando a canoa.

Assim que chegamos fomos fazer uma trilha no meio da savana, mas não vimos quase nada. Na manhã seguinte fizemos uma nova trilha super cedo e aí sim vimos girafas, wildbeest, zebras e elefantes. O legal é que a trilha é feita toda a pé, ou seja, se aparecer um leão no caminho é fechar os olhos e rezar! Nenhum leão apareceu, mas dois elefantes começaram a vir na nossa direção e tivemos que ficar parados esperando que eles não nos vissem, e de fato não viram, porque apareceu um helicóptero sobrevoando a região e os espantou. E depois, quando nem estávamos olhando, um bando de wildbeest veio correndo direto na nossa direção, mas pertinho de nós eles mudaram de rumo...admito que fiquei com medo.

Terminada a experiência em Botsuana fizemos alguns bush camps seguidos (imaginem a situação da galera sem banho) e seguimos para a Namíbia.

NAMÍBIA

Definitivamente um dos países com as paisagens mais interessantes!

Paramos rapidamente na capital (Windhoek), que foi a primeira cidade na viagem inteira que pode ser chamada de cidade, ou pelo menos do jeito que conhecemos uma: com fast foods, prédios, ruas asfaltadas, shopping, etc. Além de ser super limpa e com um estilo super alemão. Visitei os jardins do parlamento e o exterior da igreja que estava fechada. E o básico Internet, comida e banheiro.

Nossa primeira parada de verdade foi no Etosha National Park, ao norte. Fizemos um safári pelo parque dentro do caminhão mesmo...girafas, zebras, búfalos, elefantes e todos os animais que no começo são super interessantes mas depois de um mês os vendo a todo o momento são simplesmente mais um integrante da paisagem e se tornam comuns.

Perto de Etosha paramos no Cheetah Park, um acampamento cujos donos criam cheetahs (guepardos). Visitamos a casa deles e eles têm, nada mais nada menos, três deste “amáveis” bichinhos como se fossem domésticos. Pudemos tocá-los, tirar fotos e vê-los devorar pedaços de carne crua.

Também fomos até a savana onde estão os outros cheetahs, pudemos vê-los de pertinho e o alvoroço que eles fazem quando um dos donos joga um pedação de carne no meio do mato e eles têm que disputar entre si quem leva a melhor!

À noite a galera tentou bancar uma de acrobata tentando passar por debaixo dos bancos do bar sem cair no chão, uma brincadeira que um dos donos colocou na roda. É claro que eu quis participar e não, não consegui passar sem cair...e ainda por cima cai com a coluna bem no ferro do banco e raspei minha coxa na quina...acabei a noite com um corte na coxa e mais de 10 roxos espalhados (juro, não estou brincando...um deles ainda está doendo inclusive). Enfim, c’est la vie!

Terceira parada foi em Spitzkoppe, uma região com umas formações geológicas animais, muito parecidas com as da Capadócia, na Turquia. Montanhas de pedras e rochas enormes, muito legal. Fizemos uma caminhada curta até o topo de uma das montanhas, mas eu parei no meio e esperei a galera terminar, pois era muito íngrime e confesso que fiquei com medo, hehehe.

Foi também a última vez que meu grupo (eu, Jen e Gareth) teve que cozinhar pra galera, um alívio porque é um saco ter que lavar todas aquelas panelas gordurentas sem água corrente, ou seja, numa bacia que depois de 1 minuto a água já está mais suja que a panela, mas a gente fecha os olhos e finge que ta tudo ok. Que higiene!

No menu carne de Oryx e Kudu, dois animais da savana africana parecidos com antílopes, e à noite fogueira e violão.

Adendo: aff, a galera estava uma sujeira só...sem chuveiro por quase 3 dias tava todo mundo desgrenhado e quase que fedendo não fosse o frio.

Na saída de Spitzkoppe o caminão atolou numa das estradas de areia. Quando fomos avisados do acontecido ao invés de todos ficarem preocupados ficamos é felizes, afinal quantas vezes o caminhão que você está usando para viajar o continente africano atola no meio da estrada? Quase nunca, então temos que olhar pelo lado positivo e ver aí uma ótima oportunidade para fotos enquanto os outros tentam empurrar o caminhão...e claro que eu era uma das que estavam fotografando e não ajudando, hehe.

Finalmente conseguiram tirar o caminhão da areia e chegamos em Swakopmund, no litoral da Namíbia, com direito à vista do Oceano Atlântico e cheirinho de Brasil cada vez mais perto!

(continua no próximo capítulo)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

ZimbÁAAAAAHHHHHHHbue!

Beleza, chegamos em Zimbábue, o país da ditadura do Mugabe e da água com cólera, mas também onde mais nos divertimos.

O primeiro dia no país não foi muito promissor...foi nosso primeiro dia inteirinho dentro do caminhão, o que torna as coisas meio chatas...estradas em más condições, café da manhã e almoço dentro do caminhão, inúmeras paradas para xixi e outras coisas, escutar música e ler (coisa que não conseguia fazer dentro de um carro de jeito nenhum, mas a tudo a gente se acostuma).

E pra melhorar a situação a comida foi racionada durante 3 dias e a quantidade estava pequena para cada um...eu estava com fome e ainda por cima peguei uma gripe meio pesada.

Nossa primeira parada foi em Harare, a capital. Com um pouco mais de infra-estrutura do que as outras cidades até agora, Harare tinha até prédio com mais de 5 andares!!!

O inverno africano estava começando a se fazer sentir, portanto fui atrás de uma touca e uma jaqueta. Na volta pro acampamento peguei um táxi e no final ainda tive que discutir com o taxista que queria me cobrar USD 5,00 a mais do que o combinado.

Problemas à parte, o acampamento era MUITO legal! Primeiro que tivemos um up-grade para dormir nos dormitórios de graça, e isso significa ter uma cama ao invés de barraca!!! O lugar ainda tinha zebras, leões, pássaros e ficava à beira de um lago imenso (Chaveo?).

Tivemos ainda uma festa à fantasia!!! Só que ao invés de cada um comprar a sua, fizemos uma espécie de amigo secreto e cada pessoa tinha que comprar a fantasia da pessoa que tirou e manter em segredo até o dia da festa.

Eu tirei a Sylvia (inglesa) e comprei pra ela uma calça de palhaço com suspensórios e uma blusa cinza cintilante breguíssima. E a Cat (também inglesa) me tirou...e me “presenteou” com uma fantasia de Cowgirl!!! Imaginem eu de mini-saia...tsc tsc. A festa foi ótima, fizemos poncho e todos estavam engraçadíssimos!

Nossa segunda parada no país foi no Antelope Park, uma mescla de hotel/ acampamento/ e parque nacional com inúmeros animais.

Na primeira noite o frio pegou pesado e estava muito difícil dormir confortavelmente. O saco de dormir não era o suficiente e os meus pés estavam literalmente congelados. Pelo menos uma coisa boa: o Tommy, um dinamarquês de 60 anos que sempre faz up-grade não estava mais usando o colchão dele e me deu de presente, então pelo menos as minhas costas receberam um melhor tratamento desta noite em diante.

No parque cada um fez a atividade que lhe interessava, com leoes, elefantes, cavalos, etc.

Eu, por minha vez, fiz apenas duas: lion walk e horse ride.

Lion walk, literalmente andar com leões, foi bem legal. Andamos na savana com dois leões ao nosso lado...tá certo que eram leões de menos de um ano cada, mas eram grandes como se fossem adultos!!!

Já andar a cavalo foi horrível! Meu cavalo queria trotar a toda hora e minhas costas ficaram toda dolorida, alem do fato de eu ter quase caído uma hora que ele decidiu correr...mas foi legal, vimos girafas, zebras e outros animais no lombo dos cavalos.

Ah, e eu fui até a cidade, comprei um cobertor e desde então tenho dormido quentinha!!!

Próxima parada foi em Great Zimbabwe Ruins. Antigamente foi a principal cidade do país, onde viviam os reis, escravos, etc. Mas hoje são apenas ruínas abertas aos visitantes. Foi quase como estar de novo em Angkor Wat, mas claro que era BEM menor e não tão glamouroso como as ruinas cambojanas.

Uma coisa que me surpreendeu: o rei tinha 200 mulheres! Agora uma questão: como ele dava conta de todas???

Enfim, próxima parada: Bulawayo.

Paramos nesta cidade exclusivamente para fazer um passeio para ver rinocerontes, mas eu não estava nem um pouco afim e estava tão frio que eu e mais umas 10 pessoas decidimos nao ir e ficar no acampamento, o que se revelou a melhor decisão de todas!!!

Primeiro porque todo mundo que foi no passeio acabou não vendo nenhum rinoceronte e segundo porque o acampamento tinha uma seção que era praticamente uma casa de vó, ou seja, aconchegante, com cozinha, sala e video cassete...onde assistimos Rocky III, pedimos pizza pelo telefone e fizemos up-grade para um quarto quentinho com cobertor quadriculado e tudo!!! Que luxo!

Última parada em Zimbábue: Victoria Falls!

Acordei toda enjoada...na noite anterior minhas costas ainda estavam doendo da caminhada a cavalo e o Tommy, que é massoterapeuta, me deu um remédio dizendo que no dia seguinte eu estaria melhor. Tomei o remédio e deu que no dia seguinte eu acoredei toda estranha, com fraqueza e vomitando. Quando eu questionei que raio de remédio ele tinha me dado ele diz, na maior tranqüilidade, que era um remédio à base de morfina!!!

O resultado foi que nas 6 horas de viagem até Victoria Falls eu fui deitada no caminhado igual uma moribunda, mas no dia seguinte já estava melhor.

No dia seguinte eu, Imogen, Ben, Mike, Michelle (todos ingleses), Flemming (dinamarquês), Leah, Jen e Sharon (americanas) fizemos o full adrenaline day, ou seja, um dia inteirinho dedicado a quase morrer!

Eram várias atividades. Começamos pelo Flying Fox, onde você é amarrado na cintura e tem que pular de uma plataforma onde imediatamente você é suspenso por cordas e suas pernas e braços ficam estendidos, como se você estivesse voando. Nao há nenhuma queda livre envolvida, mas só o fato de correr e saltar na beira de um penhasco simplesmente me aterrorizou e, na minha vez, quando o instrutor contou até 3 eu fiquei ali, paradona...tendo quase que ser arrastada para poder pular.

A segunda atividade era o Zip Line. Foi bem engracado. A gente sentava numa cadeira que era presa por umas cordas e do nada o cara soltava as cordas e ai você ia MUITO rápido ate o fim do penhasco gritando e sentindo aquele friozinha na barriga.

Na minha vez o instrutor pediu que eu virasse um pouco nas cordas...quando eu estava totalmente de costas para a queda e percebi que não era nenhum procedimento padrão eu disse que não queria ir de costas, mas não adiantou, ele me soltou e lá se foi uma Juliana!

A terceira atividade e a mais legal de todas foi Gorge Swing.

É quase igual ao Sky Coster do Hopi Hari, você está ligado a uma corda e se joga, literalmente, de uma queda livre de 70m gritando sem parar ate que a tal corda se faz presente e te joga de um lado pro outro como se fosse um pêndulo....a sensação é muito boa!!!

A quarta, última e mais aterrorizantes das atividades foi Rapel...tá, tá bom, eu sei que parece fácil...mas não gosto do fato de ter uma tremenda fossa embaixo de mim e ter que descer aos pouquinhos! Quando fiz rock climbing na Tailândia eu fiquei tão amedrontada que jurei que nunca mais ficaria pendurada numa rocha...mas acho que esqueci e lá estava eu de novo, quase cagando nas calças. Juro que quase chorei de medo!

Depois de passado esta fase difícil da minha vida (rsrsr) ainda tínhamos tempo para repetir uma das atividades e claro que escolhi Gorge Swing! É muito boa a sensação de estar caindo!!!!!

À noite jantamos em um outro acampamento próximo do nosso onde estava tendo uma apresentação de dança local...não é que um dos dançarinos me puxa pela mão e me põe pra dançar!!!

Lá estava eu, tentando acompanhar o ritmo frenético dos africanos, e pior: tentando rebolar!!!

No fim das contas toda a galera veio me dizer que eu arrasei na dança, que óbvio não dançei melhor que os locais, mas que coloquei todos os outros gringos no chinelo!

É por isso que gosto de gringo. Eles vêem você mecher um pouco a cintura e acham que você está dançando super bem quando qualquer brasileiro que se preze ia no mínimo achar lastimável a minha dança!

No dia seguinte fui logo de manhã cedo visitar as cataratas Victoria com a Sharon, minha companheira de barraca. Nem há palavras pra descrever o que eu vi. Logo no começo vimos um imenso arco-íris de tirar o fôlego, depois, caminhando mais adiate, vimos diferentes ângulos das cataratas que deixaram a gente sem palavras. É impressionante o quão pequenos nos sentimos diante da grandeza da natureza.

É igualmente impressionante o quanto uma catarata pode te deixar ensopada! Sério, sé de andar próximo a ela ficamos inteiramente molhadas com o vapor que vinha lá de baixo.

Depois das cataratas me despedi da Sharon, que terminava sua viagem por aqui e retornava a Boston.

À tarde, depois do almoco, me dirigi até a ponte que cruza o rio Zambezi, na fronteira do Zimbabwe e da Zambia, mas não estava indo até la para cruzar as fronteiras entre os dois paises não. Estava indo lá porque ali fica o 3º mais alto Bung Jump do mundo (111m) e eu estava prestes a pular!

Fazer um pulo com duas pessoas era mais barato, então eu e a Lucy (indonesiana) decidimos que pularíamos juntas.

Na hora do pulo a Lucy estava chorando, de verdade! Ela estava tão assustada que nem cabia em si...eu por minha vez estava um pouco mais calma...por ter feito o Gorge Swing um dia antes achei que seria a mesma coisa, mas quando chegou a nossa vez de verdade e tivemos que sentar ali no banquinho para que o instrutor nos amarrasse aí sim veio a sensacao estranha.

Enquanto ele amarrava os nossos pés em volta de umas toalhas a gente ficava cada vez mais nervosas, e o clímax foi quando ele pediu que a gente levantasse e se dirigisse até a borda da plataforma! 111m diante da gente, um abismo que parecia eterno, sem fim, e a gente ali, tendo que pular!

La vamos nóóóóóóóóósssssss!!!!!!!!!!!

Pulamos. E devo dizer que não gostei...não é só a queda livre, tem tambem o fato de você estar pulando com os pés presos e sendo assim sua cabeça fica para baixo o tempo todo e isso acarreta numa imensa pressão na mesma. A pressão é tão grande que parece que a cabeça vai explodir, e ainda para melhorar o quadro o seus pés parecem estar escapando das toalhas que os prendem...ou seja, a sensação de cabeça explodindo e pés escapando e você caindo no abismo não é legal!

Primeira e única vez que faço isso. Estou contente por ser um dos 3 mais altos do mundo e por ter encarado.

Ah, a Imogen (inglesa) e a Aoife (irlandesa) também fizeram um pulo juntas, só que vestindo as fantasias da festa!!! A primeira de cantora do Abba e a segunda de canguru!

Antes de sairmos do Zimbábue tivemos que dar tchau a 4 dos nossos companheiros de viagen: Sharon,Vicky,Tommy e Rachel....e ao mesmo tempo recebemos 4 novas pessoas (2 casais): Gareth e Shibon (ingleses) e Liz (inglesa) e Ligaya (filipina).

E eu, tendo perdido minha companheira de barraca, comecei entao a dividir a mesma com a israelense Liv, que terminou com o namorado no meio da viagem e precisava arranjar outra barraca...que novela, hein!

Nosso próximo pais: Botsuana.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

TANZÂNIA, MALÁUI E UM POUQUINHO DE PORTUGUÊS

Antes de embarcar para Zanzibar paramos em Dar Es Salaam, capital da Tanzânia, para uma noite à beira-mar em Makadi Beach.

No dia seguinte saímos cedo para Zanzibar e para chegar lá tivemos que pegar uma balsa de 3 horas. Que martírio!!!! A balsa balançava para todos os lados, para cima e para baixo e meu estômago não estava gostando muito disso...felizmente consegui pegar no sono e enganar o enjôo.

O lugar onde ficamos hospedados era enorme! Estrutura toda de madeira na beira da praia. Lindo! O serviço no restaurante por sua vez era péssimo, mais lerdo impossível...mas depois pude perceber que isso é comum na África como um todo.

E pela primeira vez cama! Quanta mordomia!

Nos 3 dias que passamos por lá nada muito extraordinário para se fazer. Alguns fizeram mergulho ou snorkeling, eu, vindo direto de uma maratona destes esportes na Ásia só quis saber de ficar esticada na praia!

Ah, e ainda tivemos uma Full Moon Party. Mas esta bem diferente da versão tailandesa. Melhor!

Uma mistura de locais e gringos (não tão bobos como os da festa original), um show de acrobacia e música e bebida boa, com direito até à brasileiríssima caipirinha, feita com 51 de verdade!

Mas tudo que é bom dura pouco. Tivemos que dar tchau à praia e às camas e voltar numa balsa muito mais agitada do que a ida que desta vez me derrubou, literalmente, fazendo com que eu deitasse no chão para que não vomitasse.

Antes de entramos no Maláui tivemos ainda nossa primeira noite de bush camp, ou seja, de acampamento no meio do nada mesmo, literalmente nos arbustos ao lado da estrada.

Basicamente um bush camp funciona assim: chegamos um pouco antes do anoitecer, montamos as barracas, quem estiver encarregado de cozinhar no dia cozinha, jantamos e vamos para a cama super cedo, afinal não há luz elétrica e não resta muito que fazer na escuridão da noite africana. E pra dar um toque especial a esta noite eu tive febre e fiquei praticamente inválida dentro da barraca.

Obs: repararam que eu não mencionei a palavra banho, né? Bom, não precisa de muita cuca pra perceber que se estamos no meio do nada chuveiro não existe e, portanto, um dia sem banho para todo mundo!

Nossa primeira parada no Maláui foi a vila de Chitimba, à beira do lago Maláui, tão grande que o que se vê é o horizonte e não a outra margem do lago. Parece o mar.

Em Chitimba, além de finalmente fazer algum exercício físico jogando volley (meu time perdeu), eu e mais 4 (Flemming, Cheryl, Ireen e Sharon) fizemos um passeio pela vila local. Visitamos primeiro a escola, muito precária, com salas de aula decadentes e sem energia elétrica. E pra piorar o cenário não há banheiro, apenas buracos no solo cercado de uma “parede” de palha. E é dever dos alunos manter os “banheiros” limpos, então muitos deles estavam lá com pás e enxadas limpando os respectivos.

Depois da escola visitamos o centro médico que, imaginem, sem energia elétrica é no mínimo uma piada. Claro que eles fazem o possível para ajudar as pessoas que necessitam, mas sem nenhuma aparelhagem e dinheiro fica difícil. Grande parte da ajuda monetária recebida vai para a compra de parafina, usada para manter as geladeiras funcionando e deste modo evitar que os medicamentos e vacinas percam a eficácia. Nem sempre conseguem. Triste.

Deixando tristeza de lado, a nossa última visita na vila foi pra lá de engraçada. Nada mais nada menos que um bruxo! Ou witch doctor, ou o que eu acho que no Brasil seria um curandeiro.

Entramos todos na casa dele, um casebre bem simples de barro. Sentamos no chão e aguardamos enquanto outros dois locais tocavam tambor para sua entrada triunfante. De repente ele aparece, um negão com um rosto chupado, um vestido verde feito de trapo, uma cruz vermelha estampada e uns metais enrolados na cintura e nos tornozelos.

E começa a dança, ou que deveria ser uma dança, porque na verdade é um chacoalhado esquisito, cheio de chilique, parece até que o curandeiro está recebendo milhões de espíritos ao mesmo tempo. E ele tem uma mini vassourinha na mão que vai espanando os ombros e ai ele oferece a vassoura pra mim e é pra eu ir dançar com ele! E por que não? Aí vou eu!

Chacoalha de cá, chacoalha dali, remexe e grita! Sim, grita! Porque o bruxo do nada pára, olha fixamente pra você e faz: buuuuu. E você tem que fazer o mesmo...e a dança continua.

E assim foi com os outros 4, até que a dança acabou e aí era a hora das profecias! Pois claro, bruxo que se preze tem que prever futuro.

E claro que era tudo uma baboseira, porque ele disse praticamente as mesmas coisas para todos, mas enfim, a minha foi:

- Eu gosto de conversar e as pessoas de conversar comigo!
- Obterei sucesso profissional.
- Terei dois filhos. Um casal.
- Casarei antes dos 70!!! (que promissor, hein!)

Bom, bruxos a parte o passeio valeu a pena e durante todo o percurso fomos seguidos por crianças locais super fofas, querendo segurar nossas mãos a todo o momento e tirar fotos!

De Chitimba fomos para Kande Beach, outra vila à beira do lago.

Em Kande algo bem chato aconteceu, minha companheira de barraca (Sharon) foi ao banheiro no meio da noite e eu fiquei dormindo...de repente eu escuto o zíper da barraca abrir e penso ser ela, mas na verdade era um tremendo de um mão leve, que rapidinho puxou as duas mochilas dela e as roubou!

Sim, inacreditável, aconteceu enquanto eu ainda estava ali dentro, dormindo...mas infelizmente esta também é uma das faces da África. Passou passou, não se fala mais nisso.

Ainda em Kande Beach o guia e motorista da nossa viagem cismaram em fazer dois porcos no espeto. Os coitados vieram vivos de manhã e apareceram mortos duas hora depois, prontos para serem colocados sobre brasa! No fim das contas nem saboroso estava!

No dia seguinte cozinhei na areia e nadei no lago. Tinha uma ilha no meio que todo mundo dizia: não nade até lá, a correnteza é muito forte! Pra que dizer isso? Só pra instigar a vontade de ir...consegui um comparsa pra nadar comigo até a ilha, o alemão Ralph. Sim, a correnteza era forte, mas chegamos lá, 1,5km de nado e um sentimento de vitória! Ah, nadar é o único esporte que eu posso dizer que realmente gosto.

Na nossa última noite em Kande Beach fomos até a vila para um jantar local no fundo de uma das casas locais. A maioria da galera achou o jantar regular, mas eu me deliciei. Começamos com uma sopa que estava boa, mas aí sim veio o grande prato. O que foi regular para os outros foi para mim “o” jantar: arroz, feijão e couve! O que mais uma brasileira pode pedir? Comer comida brasileira (ou devo dizer africana?) no solo das nossas origens e sentir o gostinho de casa não tem preço!

O jantar foi seguido por uma apresentação de dança das crianças locais. Olha, se o funk e o axé não vieram daqui eu não sei de onde vieram. Como essas crianças rebolam, meu Deus! E num ritmo pra lá de brasileiro!

Começo a acreditar que os mapas estão errados e que não há um oceano entre a gente. A Pangéia ainda existe e o Brasil continua, definitivamente, grudado na África!

Última parada em Maláui foi a capital Lilongwe.

Cidade bem pobre, com quase nada. Tudo o que fiz: compras no mercado, Internet, correio e troca de dinheiro. Nada mais pra fazer.

Pra ir do Maláui pro Zimbábue tivemos que cruzar Moçambique. Uma pena que nosso único país de idioma português só nos viu por uma única noite.

Pra falar a verdade fiquei feliz que foi só uma noite, pois para cruzar a fronteia eles foram tão burocráticos, se fizeram de difícil, como se tivessem o rei na barriga. E ainda tive que pagar meu visto de novo! Então decidi que era melhor não ficar num país onde as pessoas se portavam deste jeito.

Nossa única noite em Moçambique foi novamente um bush camp. E a saída do país foi igualmente burocrática, cheia de dor de cabeça e espera daqui espera de lá. No final das contas 3 horas para deixarmos o país! Deus dá-me paciência.

A única coisa que valeu a pena em Moçambique: o primeiro céu totalmente estrelado que vimos. Simplesmente lindo!

domingo, 5 de julho de 2009

De um continente ao outro!

Cheguei em Hong Kong tarde da noite pra encontrar um albergue num prédio de natureza meio duvidosa, cheio de indianos tentando vender coisas, com os corredores cheirando a mofo e com uma velha na recepção meio grossa de mais pro meu gosto.

Com esta receptividade toda e com a perda da Silvão como minha companheira de viagem minhas primeiras horas em Hong Kong não foram muito promissoras. Andei pela Nathan Road, uma avenida com lojas, shoppings e parques. Parei no Kowloon Park pra ver os velhos praticando Tai Chi Chuan (?) e a noite fui me encontrar com a Janet, uma amiga do navio que mora em HK.

O encontro foi bem divertido. É bom encontrar alguém que fez parte de algo que ninguém em casa entende. Depois do jantar encontramos a Way Ip, outra amiga que estava de passagem em HK a caminho de Pequim. Fomos a uma casa de chá e pusemos o papo em dia.

No dia seguinte encontrei a Janet pro almoço no SoHo, um bairro estilosinho de HK, com bares descolados, restaurantes chiques, galerias de arte, etc. Óbvio que fomos num restaurante super local, com preços baratos, mas pra compensar a comida era bem desafiadora...não consegui encarar muito não!

Fui ainda até uma outra ilha de HK para visitar a estátua do Buda de bronze, a maior do mundo exposta ao ar livre. Por fim fui até o The Peak, o ponto mais alto da cidade onde se tem vistas da baía toda iluminada lá embaixo. Bem legal.

No meu último dia em HK e também na Ásia encontrei a Janet para um almoço rápido e, antes de ir pro aeroporto, dei um passeio pela região do porto. Fiquei sentada olhando a baía e os navios por uns belos 40-50 minutos.

Há 2 anos atrás eu nem imaginava ir até a Ásia, não imaginava rodar o mundo a bordo de um navio, não imaginava que teria que ir até este exato porto para o qual estava olhando agora pra pegar este navio, não imaginava que iria aprender tanto, conhecer tantas pessoas, ouvir tantas histórias, dar valor à coisas que eu nem sabia que me eram importantes, etc.

Há pouco mais de um ano, quando voltei ao Brasil, eu nunca imaginei que hoje estaria aqui de novo, olhando pro mesmo lugar onde tudo começou. Nunca imaginei que estaria de volta aqui, fazendo outra viagem ao redor do mundo, aprendendo muitas outras coisas novas, conhecendo mais pessoas, vivenciando outras experiências e assim por diante.

E a vida é surpreendente exatamente por isso: não adianta querer planejar muito, ela vai dar um jeito de fazer com que tudo ocorra diferente do esperado...e às vezes este diferente é muito melhor do que o esperado, e aí a gente vê beleza, a gente sente gratidão, realização, felicidade e uma imensa benção por, por algum motivo, você ter a sorte de poder fazer tudo isso.

Obrigada. Obrigada a Deus, aos cosmos, à natureza, ou seja lá o que quer que seja que quis que eu vivenciasse tudo isso agora. Obrigada aos meus pais por me proporcionarem esta experiência, mas especialmente por me incentivarem e não me acharem uma doida varrida.


ÁFRICA


No avião a caminho da África eu já conseguia sentir...sentir aquele cheirinho de Brasil. Da minha terra, meus amigos e minha família cada vez mais pertinho de mim! Mas antes eu tinha que dar uma descida na África pra mais 2 meses de viagem.

Cheguei em Nairóbi, Quênia, já tarde da noite e fui direto pro hotel onde conheci a Sharon, uma professora de 4ª série, americana, 39 anos que acabou se tornando a minha companheira de barraca.

Cedinho no dia seguinte conhecemos os outros integrantes deste grupo de viajantes que no mínimo tem que ter um pino a menos pra sair acampando pelo continente africano! 24 pessoas + o guia + o motorista. O grupo se deu bem logo de cara, o que facilita e ajuda a amenizar a saudades de casa.

Depois de feitas as apresentações caímos na estrada...literalmente! Um dia inteiro dentro do caminhão que nos levou do Quênia até a Tanzânia, mais precisamente até a cidade de Arusha, onde eu acampei pela primeira vez!

Observações: Montar uma barraca é muito mais fácil do que eu imaginava. Ter apenas um saco de dormir e nenhum colchão é muito mais dolorido do que eu imaginava. A sensação de estar acampando no meio da África é inexplicável!

No dia seguinte eu e a Sharon fomos até o centro de Arusha com transporte público, praticamente igual às lotações de São Paulo, mas muito mais apertadas e com muito mais gente (dá pra imaginar!?).

Rodamos um pouco pela cidade, que é bem pobre e voltamos pro acampamento no mesmo tipo de transporte, mas desta vez carregando crianças no colo! É que entrou essa mulher com 3 filhos e já não tinha mais espaço pra sentar, então eles colocam as crianças nos colos dos estranhos pra que elas não viagem em pé...e eu também entrei na dança e acabei por segurar uma delas. Ah, e ainda recebi proposta de casamento do cobrador e tudo, hahaha.

À tarde partimos para fazer safári no Ngorongoro Crater, uma cratera gigantesca de um extinto vulcão que hoje serve de habitat para uma diversidade de animais. Vimos zebras, gazelas, leões, hienas, búfalos e muitos outros, todos bem pertinho. Fomos também até o Serengeti, uma parque nacional famoso aqui na Tanzânia também pela diversidade da sua fauna.

Acampar no Serengeti foi uma experiência à parte, pois o acampamento não é isolado da natureza, ou seja, os animais vagam livremente pelas barracas! E assim mesmo aconteceu: antes de irmos dormir tinha um elefante enorme rondando a gente e ao amanhecer 4 girafas para nos dar bom dia!

Observações: Ir ao banheiro no meio da noite nem pensar, a menos que você queira correr o risco de ser atacado por uma hiena. Comida dentro da barraca também é inviável, a menos que você queira fazer uma super recepção para algum leão que eventualmente vai visitar a sua barraca durante a madrugada em busca dessa comidinha escondida...que faro, hein!

Próxima parada: Zanzibar, uma ilha da Tanzânia com areias brancas e águas azuis.

Pra chegar: Quase dois dias inteiros de estrada. E haja bunda pra aguentar ficar sentada enquanto o caminhão vai passando pelos intermináveis buracos das estradas africanas.

E as necessidades fisiológicas? Bom, essas são feitas agachadinha mesmo, na beira da estrada, basta apertar uma campainha dentro do caminhão pra informar que você está necessitada de uma paradinha básica.

Ah, e finalmente consegui descolar com o guia um colchão inflável meio vagabundo, tão fino que tenho que dobrá-lo na metade pra evitar que meu tronco toque o chão, mas já é um progresso. Melhor isso do que nada.

E vamos que vamos!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Um mês abreviado!

Milhões de anos depois e deixada a preguiça de lado eu resolvo escrever novamente!

Mas já que tem tanta coisa acumulada e eu não quero deixar isso aqui parecendo uma bíblia (o que provavelmente vai acontecer novamente) vou tentar dar ênfase só nos highlights da últimas semanas!

Bom, em Krabi pegamos dias péssimos de chuva e quase não rolou praia.

Pontos altos: fizemos amizade com um advogado de direitos humanos da ONU e fiz rock climbing!

E no momento que estava lá em cima na pedreira, com as minhas mãos tremendo, meus pés quase escorregando e olhando pra baixo foi que caiu a ficha: "que diabos eu estou fazendo aqui??!!"

Confesso que me deu um medinho de fazer isso, mas que valeu muito a pena. Tive um sentimento bem parecido quando estava no topo da Sagrada Família (Barcelona), aquele misto de medo e de se sentir idiota, pois apesar de parecer que você vai cair a qualquer momento no fundo você está segura.

De Krabi fizemos uma escala de uma noite em Hat Yai, no sul da Tailândia, de onde pegamos o trem noturno para a Malásia!

A viagem de trem foi sossegada, com a exceção de que neste dia eu percebi que havia sido roubada em um dos hotéis na Tailândia: USD 675,00!

Mas a vida segue e pelos menos não foram os USD 1.000,00 que eu tinha pensado que era antes.

Com alguns dólares a menos na carteira fomos parar em Kuala Lumpur, capital malaia.

Era quase impossível de acreditar que a Ásia pudesse ser tão barata...quando eu estava prestes a acreditar a gente chega na Malásia, vê que a exceção existe e nos vemos obrigadas a comer sempre no McDonalds pra salvar uma grana.

De maneira que acabamos visitando o país com alguns kilos a mais...pelo menos na consciência, hehehe.

A Malásia foi o país de que menos gostei na Ásia. Para começar nem é tao bonita, pelo menos os lugares que visitamos, e ainda por cima se trata de um país muçulmano, o que deixa uma mulher muito desconfortável na hora de andar na rua, principalmente se o calor infernal faz você derreter e mesmo assim você tem que cobrir joelhos e ombros pra não chamar a atenção dos homens.

Devo ser justa porém com os muçulmanos já que 95% das vezes que algum homem mexia com nós eles eram indianos.

Cada vez mais me convenço que este povo não consegue manter as partes dentro das calças! São tão caras de pau que dá até saudade das cantadas dos pedreiros brasileiros.

Em Kuala Lumpur fiz o básicão turista: visitei e subi nas torres gêmeas, ficamos hospedadas em Chinatown, visitei algumas mesquitas e até aprendi mais sobre o islamismo com um neo-zeladês que conheci em uma das mesquitas que tinha se convertido. E como a cidade não oferece muitas atrações acabamos matando a saudades do cinema e assistimos a 3 filmes!

Ainda reencontramos o Paras, aquele inglês que fizemos amizade no Vietnã! Saímos pra jantar e nesse dia vi uma coisa muito diferente: chegou para jantar um casal muçulmano, ela de burca e ele normal. Se sentam na mesa e o garçom os isola com uma porta camarão que dá a volta na mesa inteira. Sabe para quê? Para que ninguém veja o rosto dela quanto ela estiver comendo! Façam seus próprios julgamentos.

Na Malásia fomos ainda para Taman Negara e para Cameron Highlands.

Taman Negara é uma floresta tropical onde fizemos trekking e constatamos que precisamos urgente de alguma atividade física quando voltarmos ao Brasil! Meu Deus do céu, não pode ser tão difícil assim caminhar 3km de subida mata adentro!

Em Cameron Highlands nos sentimos em uma excursão da terceira idade. O lugar é muito bonito, nas montanhas, um friozinho (graças a Deus!) e um charminho alemão nas ruas, mas é um destino muito pra velhos, quase uma festa das flores do interior de São Paulo! Mas valeu a pena pra conhecer as plantações de chá pelas quais a região é tão famosa: são lindíssimas!

Próximo destino: uma semana em Bali!

Logo na chegada, ainda no aeroporto, conhecemos dois brasileiros que tinham ido pra ilha pra surfar. O Carlo (paulista) e o Rodrigo (baiano). Aproveitamos e já os convidamos para comemorar o aniversário da Silvão que seria em 2 dias.

Pra resumir a semana: Fizemos aula de surfe e nos sentimos o máximo. No dia seguinte alugamos uma prancha por nossa conta na praia e nos sentimos um lixo ao perceber que ainda não somos boas, hahahaha.

Conhecemos dois sessentões argentinos (Álvaro e Rogélio) que se mostraram uns coroas muito legais e sem nenhuma segunda intenção para conosco, juro. Resultado: foram nossa cia de jantares e conversas durante a nossa semana inteira.

Fomos também ver o Carlo e o Rodrigo surfarem em Uluwatu, uma praia só pra profissional, então eu e a Silvão nem nos atrevemos a entrar na água, hahaha, ficamos só admirando mesmo e visitando um templo que tem em uma montanha, com uma vista incrível lá da praia!

Comemoramos as primaveras da Silvão em um restaurante chiquérrimo e depois num bar, seguido de uma balada e pra finalizar uma pizza no meio da madrugada. Tudo isso com nossos novos amigos brazucas e nossos queridos sessentões.

Ainda fizemos um day tour pela ilha, onde vistamos uma floresta de macacos, asisstimos um show de dança/ teatro balinês e fomos até o maior vulcão de Bali!

E pra finalizar com chave de ouro ainda comemos feijoada e coxinha num restaurante brasileiríssimo!

Mas infelizmente tudo chega a um fim e tivemos que ir pra Bangkok, nosso último destino viajando juntas =(

Ao chegar em Bangkok fomos logo ao estúdio de tatuagem fazer as nossas, pelas quais esperamos pacientemente durante estes 4 meses!

A Silvão fez a palavra liberdade em letras tailandesas, nas costas. E eu fiz uma flor vermelha e verde em estilo tribal no ombro esquerdo. E doeu pra caramba! Mas eu gostei demais também!

Ainda em Bangkok piramos nas compras de camisetas com estampas malucas na Khaosan Road, visitamos alguns templos, vimos o Buda reclinado de 45m de comprimento e almoçamos com o Danny, o advogado da Onu que reencontramos na cidade.

Ainda demos uma escapadinha de um dia para Ayuthaya, antiga capital do reino de Sião, onde vimos bastante ruínas e coisas velhas. De bicicleta!

E, enfim, nos separamos...

Silvão continua em Bangkok, a caminho da Europa, e eu estou em Hong Kong, me preparando pra ir pra África.

E depois de 4 meses dá um sentimento de fim de namoro. A gente sempre juntas, rindo das esquisitices que nos apareciam no caminho, entrando nas mesmas roubadas, fazendo fofoca alheia, lembrando do Brasil, vivendo grudadas durante tanto tempo, dividindo a mesma cama e até mesmo brigando às vezes.

E, de repente, cada uma segue o seu caminho e o sentimento é estranho. E é estranho pensar que ainda faltam 2 meses de viagem, de coisas novas, de lugares novos e pessoas novas, mas que minha velha companheira não estará mais presente!

(Silvão, te vejo no Brasil, já estou com saudades! Arrase por mim na Europa!)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Vida dura!

Vamos lá com o apanhado dos últimos acontecimentos em praias tailandesas.

Os últimos dias em Koh Tao para mim foram sossegados, acabei ficando sozinha enquanto esperava o término do curso de mergulho da Sílvia. Em um destes dias de solidão, caminhando pela praia, conheci dois gringos, o Tony (americano) e o Stephan (austríaco), que estavam procurando um lugar mais adequado do que as águas rasas de Hat Sai Ri para a prática de snorkeling.

Eu disse que eles tinham que ir mais para o fundo do mar ou então para a ilhazinha que ficava ali pertinho, para a qual eu também queria ir. Mas óbvio, como todo mochileiro, achamos que pagar USD 3,00 para um barco nos levar até lá era muito caro quando a ilha parecia tão perto.

Então decidimos ir nadando. Quanta esperteza!

Depois do que pareceu uma infinidade nadando em alto mar (02h00 ou 2,5km) finalmente chegamos à ilha...cansados e com os olhos ardendo pra caramba. Pelo menos os meus estavam...eu não tinha uma máscara e tive que nadar com os olhos abertos durante todo o percurso.

Bom, a experiência foi interessante e me deu alguns novos pequenos cortes pra variar.

De Koh Tao seguimos para Phuket, do outro lado da península tailandesa. Fomos em um barco noturno que pelo amor de Deus! Mais desconforto impossível com tamanho aperto, e ainda por cima choveu durante a noite e bem a janela em cima das nossas cabeças não fechava!

Em Phuket a praia mais famosa é Patong, onde rola toda a vida noturna, os shoppings centers, fast-foods, etc...mas desta vez, ao invés de ficarmos no meio da muvuca, resolvemos ficar em uma praia mais calma e fomos para Kata, duas praias abaixo de Patong.

A escolha foi sábia! Kata se mostrou a praia mais bonita que visitamos em Phuket, enquanto Patong tinha uma água suja e marrom, nada muito diferente do litoral sul paulista.

Os dias em Phuket ficaram um pouco fechados e inclusive no dia que fomos passar o dia em Karon (a praia entre Kata e Patong) ficamos em baixo de chuva o tempo inteiro. Mas faroreiro em viagem que se preze vai pra praia até debaixo de temporal. Fizemos até castelinho de areia, com bandeirinha e tudo!

Fizemos também um passeio até a James Bond Island, uma ilha em Phang-Nga (norte de Phuket) onde foram filmadas algumas cenas do filme “ 007 – The man with the golden gun”. Visitamos não só a ilha, mas também fizemos caiaque pelas redondezas e andamos de elefante. Eu até recebi uma massagem de um deles em um show de talentos elefantíacos!

Em Phuket foi praticamente isso, depois nos mandamos para a famosa e paradisíaca Koh Phi Phi, a ilha mais visitada do sul do país e onde foram filmadas as cenas do filme “A Praia”, com o Leonardo DiCaprio.

Koh Phi Phi realmente é tão bonita como a Internet, as revistas e a televisão mostram. Areias brancas e água azul-transparente, um lugar para se admirar!

Em Phi Phi fomos até uma praia (Long Beach) através de uma trilha no meio do mato que ia beirando a costa marítima. Só o visual já valeu a pena, mas a praia em si também era linda! Sem contar umas rochas com um pequeno pedaço de areia no caminho que paramos para dar uma nadada. Era como se fosse uma pequena praia deserta, entre as águas de um mar verde esmeralda e a mata. Perfeita. E a água ainda por cima tinha “fundura”, dava pra nadar e tudo!

O interessante foi que, na volta da trilha, esta mesma água com “fundura” não estava mais lá....no lugar dela estava um monte de areia que se estendia lá pra dentro pra finalmente encontrar um mar raso e sem graça.

Um intervalo de apenas 03h00 entre a nossa ida e nossa volta foi o suficiente para a ação da maré. O mar se recolheu de uma forma incrível, tão rapidamente, deixando tudo o que estava debaixo d’água a olho nu, que até brinquei que devia ser um Tsunami se aproximando. Impressionante a natureza!

Visitamos também o View Point de Phi Phi, lá no topo da montanha, onde se vê Phi Phi lá embaixo, mais pequena do que já é. Um lugar para verdadeiros atletas...o que definitivamente não é o nosso caso. Chegamos lá em cima esbaforidas, pondo as tripas para fora, suadas e cheias de picadas de mosquitos! E eu ainda com um corte no dedo do pé de ter pisado numa rocha dentro do mar (que novidade, eu me machucando outra vez!).

Obviamente não podíamos deixar de ir ao local mais famoso: Maya Bay. Lá mesmo, a famosa praia do filme! Mas devo dizer que foi decepcionante...chegamos lá pelas 16h00, ou seja, bem na maré baixa e a praia estava exatamente como a outra que descrevi há pouco: rasa, quente e sem muita beleza.

E eu achando que ia nadar horrores igual ao Leo no filme. Tsc, tsc, não desta vez!

Mas o passeio em si que fizemos para visitar esta praia foi muito bom! Passamos por outras partes da ilha também, vimos macacos e fizemos snorkeling. Ah, e é claro que machuquei o joelho em um coral, não podia ser diferente!

Foi também neste passeio que fomos até uma ilhinha chamada Bamboo Islands, para mim a praia mais sensacional até agora (depois vejam nas fotos).

Estamos agora em Krabi, nosso último destino na Tailândia antes de seguirmos para a Malásia. Para quem não sabe este país não estava no nosso roteiro inicial, mas mudamos um pouco os planos e agora iremos fazer trekking em uma floresta malaia, seguiremos para Kuala Lumpur e depois vamos para a Meca dos surfistas: Bali, lá na Indonésia.

E é por isso que eu sempre digo pra Silvão: que vida difícil essa nossa. É dura demais!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sonífera(s) Ilha(s)!

Estamos nas ilhas tailandesas...e a Internet aqui é MUITO mais cara que nos outros lugares!!!! Sendo assim fiquei um tempão sem escrever e agora várias coisas acumularam. Vou fazer um bem bolado.

Saímos do Camboja com intenção de já irmos para o sul, mas Bangkok era parada obrigatória entre os destinos, então acabamos decidindo que íamos passar uma noite na capital tailandesa. Acontece que conhecemos um brasileiro!!! E aí tivemos que ficar uma noite extra, rsrs.

Nossa última parada na Ásia será em Bangkok e teremos alguns dias por lá, então não tínhamos intenção nenhuma de ir pros lugares turísticos ainda. Nos hospedamos na Khao San Road, uma rua só pra mochileiro. O lugar ferve! É bar, restaurante, lojinha, fast food, joalheria, estúdio de tatuagem, loja de conveniência, tudo 24h!!! E por todos os lados! Parece uma 25 de março com relação ao visual de tanta coisa que tem, mas é muito melhor! Perde-se um dia ali sossegadamente, ainda mais quando a comida das barraquinhas de rua são boas e baratas! É muito Pad Thai (prato típico), Kebab e Banana Pancake!

Passamos as noites com nossos novos amigos que fizemos no ônibus: Konstantin (Alemenha), Mauricio (Itália) e Marcelo (Brasil). Todos muito gente fina. E o italiano era a cara do Lenine...feio igual!!!

Os meninos já tinham ido embora e nosso ônibus para as praias só saia a noite, então aproveitamos que sobrou um tempinho e fomos fazer o Grand Palace, que acredito ser a atração principal de Bangkok. É um conjunto de templos budistas e também o Palácio Real, apesar de o Rei não morar mais lá.

Não mudou nada desde a última vez que estive lá no ano passado, mas desta vez vesti um modelito muito mais interessante!!! Aparentemente minha bermuda que cobria o joelho não era longa o suficiente para entrar no Palácio, então tive que alugar uma saia tailandesa!!! Não vou nem mencionar que ficou ridícula, mas vocês verão nas fotos que mandarei logo mais.

Nossa rota pelo sul começou pelas 3 principais ilhas do golfo da Tailândia: Koh Samui, Koh Phangan e Koh Tao, respectivamente a maior ilha, a ilha da Full Moon Party e a ilha com o curso de mergulho mais barato do mundo. São conhecidas como as ilhas do paraíso, mas a música dos Titãs grudou na minha cabeça durante a estadia nelas que preferi chamá-las de soníferas mesmo.

Koh Samui foi nossa primeira parada. Assim como as duas outras, a água é limpinha, transparente mesmo! Mas não tem nenhuma onda e o mar parece um lagão. Visitamos duas praias: Chaweng e Lamai. A primeira era meio zuada. Os corais eram muito próximos então não dava pra avançar muito no mar e muito menos nadar. E ainda por cima, tentando nadar por cima dos corais, encostei sem querer bem de leve a batata da perna em um deles e isso me gerou uma bela de uma queimadura na perna...acho que o desgraçado era venenoso! Ah, e também pisei em um pepino do mar que me cortou! Parece que minha má sorte ainda não foi embora!!! (Sem contar os outros novos desastres: um arranhão no braço, um roxo no quadril, uma batida no joelho e um roxo na sola do pé).

A segunda praia (Lamai) eram bem melhor, apesar de não ter ondas (e acho que nenhuma por aqui tem) tinha “fundura” suficiente pra nadar um pouquinho e não ficar só no sol cozinhando feito um lagarto. A única parte ruim é que nosso quarto de hotel teve um pequeno contratempo com umas baratinhas, mas nada que alguns gritos, pulos, chinelos e inseticida não resolvesse!

Foi em Samui que começamos a ver de fato aquilo que a Tailândia é tão famosa por: prostituição!

Tem uma parte na cidade que é cheia de bares, parecidos com quiosques de praia, e em cada um dele tem uma barra de ferro que as tailandesas ficam dançando provocativamente, praticamente esfregando a bunda nas caras dos gringos, geralmente os velhos! Fora os inúmeros “casais” que andam de mãos dadas durante o dia: meninas locais com seus 20 e poucos anos, com shortinho de Carla Perez e um tiozão gringo que tem idade pra ser pai, às vezes até avô, delas.

Nossa segunda parada: Koh Phangan!

Desde o fim do ano sabíamos que essa seria uma parada obrigatória!!!! É que é nessa ilha que acontece uma das festas mais famosas do sudeste asiático, a Full Moon Party! É uma festa na praia que acontece todo mês, no final de semana de lua cheia. Estávamos super animadas, mas....foi muito chata!

Tenho que tirar o chapéu e reconhecer que é uma festa bem animada, cheia de gente e por ser na praia a torna ainda mais especial, mas para mim foi praticamente uma balada da Vila UÓlimpia, ou seja, insuportável!

A começar pela música que só oferecia 3 opções: aquele black que é tudo igual, techno de rádio ou aquele eletrônico chato sempre com a mesma batida.

E depois as pessoas, aqueles europeus que parecem que saíram de uma vitrine de loja de roupa. Todos iguaizinhos, parecem terem sido fabricados em massa. Sim, os europeus são bonitos, mas depois de muito tempo vendo só eles na frente eles começam a perder a graça! As meninas se tornam simples loiras azedas e os meninos idem, só que eles andam sem camisa pra ver quem tem o corpo mais sarado.

Os bonitos fabricados de vitrine que me perdoem, mas um pouquinho de miscigenação e diferenciação é fundamental!

Meu padrões de beleza caíram por terra...trocaria fácil um corpinho sarado por uma barriguinha pensante!

Mas claro, isso tudo é só a parte estética...obviamente não foi isso que tornou a festa chata, mas é que além de serem todos iguais ainda tinha um plus negativo: todos na festa tinham por volta de seus 20, 25 anos...mas se portavam igual adolescentes de 17 anos. Frustante.

Acho que eu é que estou ficando velha e chata demais antes do tempo...

Bom, festa à parte....fizemos um passeio que deu a volta na ilha, visitamos uma cachoeira e fizemos um pouquinho de snorkeling também. Depois zarpamos pra última ilha do golfo: Koh Tao.

Koh Tao é famosa por ter os cursos de mergulho mais em conta do mundo, além de ter boa visibilidade e uma grande barreira de corais.

Os dois primeiros dias passamos só curtindo a praia (novamente não dava pra nadar e a água é MUITO quente, quase uma sauna) com 3 brasileiros que conhecemos na balsa: o Marcelo, o Leandro e a Mariana, todos de São Paulo, estavam morando na Austrália e agora estão de malas prontas pra voltar à terrinha.

Ontem fizemos, ao invés do curso, uma pré-curso. Meio dia com teoria e um mergulho de até 7m de profundidade. Nosso instrutor foi o Alberto, um espanhol muito doidão, mas que ensinou o básico pra gente se virar na água!

No começo da descida meu ouvido sentiu bastante a força da pressão, mas depois consegui acostumar e curti demais o mergulho! Nossa, o mar daqui é de um azul fenomenal, e os peixes e corais são lindos, todos coloridos!!! Muito diferente de fazer snorkeling, quando é mergulho o legal é chegar bem pertinho, ir lá no fundão, nadar junto com os peixes e só curtir a beleza!

Depois de ter morado 4 meses em um navio ao redor do mundo essas balsas que eu ando pegando por aqui nem coçam o meu estômago. Oficialmente eu, que passava mal só de ficar em cima de uma bóia, não passo mais mal em alto mar.

Mas, infelizmente, em baixo do mar eu ainda me mantenho com a mesma sensibilidade de antes! Apesar do mergulho ter sido as mil maravilhas, quando eu subi de novo pra superfície já senti direto uma dor de cabeça e enjôo. Resultado: a Silvão decidiu fazer o curso inteiro e tirar o certificado e eu, pelos próximos 3 dias, vou ficar só aqui curtindo o mar à distância.

Enquanto a galera fazia o segundo mergulho eu voltei pro esporte mais calmo: o snorkeling mesmo! Onde eu fico ali, só na superfície, sem enjôos! E este foi muito bom mesmo, a visibilidade estava ótima e apesar de eu estar só em cima conseguia ver tudo lá no fundo...até uma raia!!! E um tipo de barracuda que tinha um dentes enormes que me fizeram sair dali rapidinho.

Mas o saldo foi super positivo: o mergulho e o snorkeling foram ótimos. E eu, que nesta viagem ainda não consegui ver um céu estrelado de deixar de boca aberta, matei a vontade em baixo do mar.

A comparação é inevitável. No meio da imensidãode de um mar azul celeste (o “céu”) cheio de pequenos peixes brilhantes nadando em bandos (as “estrelas”) nunca imaginei que um dos céus mais bonitos que veria seria embaixo da água.

sábado, 2 de maio de 2009

Angkor!

Mas turismo num lugar de guerra não é sinônimo de tristeza 100% do tempo. Claro que também nos divertimos bastante!

Ho Chi Minh é uma cidade grande, novamente com um trânsito caótico e muito parecida com Hanói, mas com um aspecto mais limpo. Além das visitas aos lugares relacionados à guerra, batemos muita perna pelas ruas, aproveitamos os últimos dias da culinária vietnamita e nossos últimos dias com a Emília e a Sara, nossas amigas suecas. E ainda pude dar tchau para o Paras, o inglês que mora no Vietnam e que conhecemos lá em Hanói. Ele voltará para a Inglaterra em breve e na nossa última noite na cidade foi a sua festa de despedida, com direito a música ao vivo e tudo. Com banda Filipina!

Seguimos para o Camboja, direto para a capital, Phnon Penh. Fora o Tuol Sleng e o Killing Fields visitamos também o Museu Nacional e o Palácio Real.

O museu foi um dinheiro perdido. Sinceramente não sei porque continuo entrando nestes museus que só têm cerâmica e pedras, não faz nada meu estilo, mas enfim... O Palácio sim valeu a pena, pois é muito bonito com uma arquitetura que só se encontra aqui na Ásia.

Fora isso Phnon Penh se revelou uma cidade pobre e cheia de pedintes. Ao contrário das grandes cidades do Vietnam o trânsito não era tão caótico e era mais fácil atravessar a rua. Os restaurantes estavam sempre super lotados. O calor continuava insuportável. Os monges voltaram a aparecer em seus robes laranjas fluorescentes. E o mais engraçado foi, no final da tarde, um monte de gente fazendo aula de ginástica ao ar livre na praça central!

Da capital subimos até Siem Reap, onde ficam os templos de Angkor.

Construídos durante o Império Khmer (o antigo, não o ditatorial), os templos têm quase 1000 anos e são majestosos! Mesmo os que estão em ruínas são impressionantes.

Em dois dias fomos aos principais templos: Angkor Wat (a maior construção religiosa do mundo), Ta Prohm (já tomado pelas árvores ao redor e onde foram filmadas cenas de Indiana Jones e Tomb Raider), Pre Rup, Phnom Bakheng, Baphuon e Bayon (este cheio de caras nas pedras, um dos mais legais).

Mas o melhor foi: encontramos os primeiros brasileiros depois de 2 meses!!!

Estávamos nós lá em um dos templos quando passa uma menina com uma canga com a bandeira do Brasil pendurada na mochila. Tive que perguntar se era. Batata! Era um casal em viagem, o Cássio e a Karine, de Porto Alegre, mas que tinham morado na Austrália por 2 anos e meio e agora estavam voltando ao Brasil, mas não sem antes fazer um mochilão pela Ásia.

Como bons brasileiros saímos para tomar uma cerveja à noite em um dos principais bares da cidade, o Angkor What? (rsrsrs)

Antes de nos despedirmos do Camboja, na nossa última noite fomos a um restaurante dar adeus ao Amok Fish, o prato nacional cambojano. É tipo um curry com leite de coco (e olha que eu nem gosto disso), peixe, batatas e temperos. É MUITO bom!!!

De Siem Reap viemos para Bangkok, para enfim seguir viagem para as praias tailandesas do sul!!! Paraíso, aí vamos nós!

Da matança à esperança!

“When I was a child
I spoke as a child
I understood as a child
I thought as a child
But when I became a man
I put away childish thing.”

(Quando eu era uma criança
Eu falava como uma criança
Eu entendia como uma criança
Eu pensava como uma criança
Mas quando eu me tornei um homem
Eu deixei de lado as coisas de criança)

Este texto estava junto com uma foto de uma criança com farda de soldado e segurando um rifle no Museu das Reminiscências da Guerra (do Vietnã, ou Americana, como chamam os próprios vietnamitas) e ele é perfeito para começar o post sobre os últimos lugares que visitamos.

As duas últimas cidades visitadas nos trouxeram sentimentos de dúvidas a respeito da raça humana. Como pode um ser humano matar outro ser humano com tamanha crueldade, através de uma guerra infundada ou de um regime ditatorial cruel e extremista?

Em Ho Chi Minh City (ex-Saigon, capital do extinto Vietnã do Sul) os atrativos turísticos respiram a guerra. Começamos pelo Palácio da Independência, que recebeu este nome para celebrar a Independência (até então eram colônia da França), no início da década de 50. Mas, mais importante ainda, foi aqui que, em 30 de abril de 1975, Saigon foi tomada pelas tropas do norte, pondo assim um ponto final em uma guerra que durou quase duas décadas e que matou milhões de pessoas, incluindo idosos, mulheres e crianças.

O Palácio nos deu um informativo geral de como foi a guerra, quem apoiou quem e quais foram os principais acontecimentos, mas foi no Museu das Reminiscências da Guerra que fomos realmente tocadas e colocadas ao extremo dos nossos sentimentos. O Palácio nos deu a história, o museu a realidade.

Através das fotos, fatos e depoimentos expostos ali é inacreditável pensar que tal guerra se deu em plena segunda metade do século XX. É ainda mais inacreditável pensar que, já no século XXI, estes tipos de combates ainda acontecem mundo a fora. E é impressionante como os EUA estão sempre envolvidos em um, se não em mais, deles.

Famílias inteiras destruídas por causa de uma briga de interesses mesquinha e sem respeito à vida. Pessoas que tiveram pernas e braços amputados, sequelas para o resto da vida. Bombas que até hoje continuam sob o solo, que podem explodir a qualquer momento e que representam uma eterna ameaça à sobrevivência daqueles que só querem sobreviver. Bebês que nascem, até hoje, com deformações por causa dos químicos (cientistas dizem que nesta guerra foram utilizados os mais fortes e letais existentes na época) que os EUA usaram na guerra e que continuam afetando as gerações atuais, mesmo depois de mais de 30 anos do fim do combate.

Não queiram ver as fotos destas deformações. São cruéis, extremas e indignas. Não tenho nem como descrever o que vi ali.

Saigon foi nossa última cidade no Vietnã, de onde partimos para o Camboja. Nossa primeira parada no país vizinho foi a capital, Phnom Penh.

Phnom Penh, infelizmente, também respira tragédia. Uma tragédia ainda pior do que a guerra, uma tragédia traduzida em genocídio. Milhares de vidas tiradas sem nenhum motivo aparente, apenas porque uma pessoa decidiu que tinha que ser assim: um ditador.

O Camboja teve uma das ditaduras mais ferrenhas de todo o mundo. Para abreviar a história em si, antigamente, bem antigamente, não existia o Camboja e sim o Império Khmer, que ocupava grande parte do Sudeste Asiático e que foi motivo de muito orgulho para o país, afinal foi nessa época que o Camboja estava no auge. Mas aí veio a invasão francesa e o país se tornou uma colônia, veio a independência e, claro, uma briga para ver quem assumiria o poder.

Em 1975 Pol Pot liderava o grupo vencedor, um grupo que dizia ser a continuação do Império Khmer e de toda a sua glória, um grupo que pregava o comunismo, mas que acabou introduzindo os anos mais sangrentos da história do país. Do Império Khmer eles não tinham nada, ficaram apenas com o nome, ao qual foi acrescida mais uma palavra, talvez para caracterizar o sangue que em vão eles derramaram por quase 4 anos. Foi a época do Khmer Rouge (em português, Khmer Vermelho).

Pol Pot se assemelha muito com Hitler, e sua política com o nazismo. De alguma maneira ele conseguiu um exército que acreditava nas coisas que ele pregava: acelerar o crescimento do país, acabar com as cidades, pois do campo deveria vir tudo o que é necessário para a prosperidade de um povo, auto-suficiência, o vietnamita como inimigo número um, extermínio de qualquer pessoa que fosse vietnamita, que tivesse ligações com vietnamitas ou familiares vietnamitas, extermínio de intelectuais, médicos, ou qualquer um que tivesse um grau de ensino superior.

Não é difícil fazer a relação: a busca de uma raça pura e obediente, livre de qualquer pessoa que fosse inteligente o suficiente para perceber que aquilo era errado.

Infelizmente este regime que durou 3 anos, 8 meses e 20 dias foi suficiente para dizimar um quarto da população do país. E o que é pior: da forma mais cruel possível, talvez pior do que os extermínios em massa nos campos de concentração nazistas durante a II Guerra Mundial.

Visitamos o Tuol Sleng, uma antiga escola primária que era utilizada pelo Khmer Rouge como prisão. Era parte da política deles evacuar toda a cidade e mandar as pessoas para os campos de trabalho no interior do país. Muitos, antes de seguirem para os campos, eram aprisionados nesta escola porque antes tinham que prestar depoimentos, fazer confissões, ou simplesmente porque tinham que esperar mais um pouco antes de irem. Nesta prisão eles eram torturados, espancados e maltratados. Alguns morriam ali mesmo e os que não iam para os campos de trabalho iam direto para Choeung Ek, uma região próxima aonde eram exterminados.

Visitamos também este local que é conhecido como Killing Fields. Não há muito que dizer. As pessoas eram mortas de todos os jeitos imagináveis, mas quase nunca por armas de fogo, pois uma bala era muito cara para ser desperdiçada assim. A pior forma era aplicada aos bebês: os soldados os agarravam de cabeça para baixo pelos pés e os balançavam contra um tronco de uma árvore, mirando especialmente a cabeça, até que morressem.

O sentimento que tive ao estar ali durante 4 horas foi o mesmo que tive quando visitei Auschwitz, o principal campo de extermínio nazista. Um nó na garganta e uma pergunta que não me saía da cabeça: Por quê? Por quê? Por que ainda somos assim?

Houve uma equipe sueca que visitou o Camboja na época a convite do próprio Pol Pot. Nos anos 70 os integrantes desta equipe eram manifestantes ativos contra a guerra do Vietnam, apoiaram o movimento de 68 em Paris e viam na Revolução Chinesa de Mao Tse Tung a resposta para todos os problemas da humanidade. Quando a “revolução” cambojana surgiu pregando um comunismo aparentemente mais justo que o de Mao eles acharam que ali estava a perfeição de concepção humana e resolveram aceitar o convite de visitar o país.

Obviamente durante sua estadia eles foram conduzidos por oficiais do Khmer Rouge, ou seja, foram levados a lugares e introduzidos a pessoas que não fossem mudar o seu jeito de pensar sobre o regime. Acabaram, sem querer, fazendo parte da propaganda que Pol Pot pregava.

Depois de 30 anos um dos suecos que estava nesta equipe mandou todas as fotos da viagem para o Tuol Sleng, com elas foi montada uma exposição do que eles pensavam na época e do que, depois de terem confirmado que aquilo tudo era errado, eles pensavam hoje.

Fazendo um balanço da sua visita na época ele diz:

“...minha experiência me ensinou que existem direitos humanos fundamentais que não são negociáveis:

- Liberdade de expressão e pensamento.
- Liberdade de expressar e praticar qualquer crença religiosa.
- Liberdade de ir e vir.

Eu também espero ter aprendido a ser cético em relação a qualquer tipo de líder que prega ter a “solução final” para a sociedade e a qualquer tipo de solução que diz resolver todos os problemas rapidamente.

Eu não perdi a esperança na possibilidade de um mundo melhor para todos e em uma ordem mundial mais justa do que a que estamos vivenciando hoje.”

Felizmente nem todos são adeptos da guerra, das atrocidades, das injustiças e do desrespeito. Então ainda há esperança, certo?

“Quando o poder do amor superar o amor pelo poder, então haverá paz na Terra.”
- frase de Jimi Hendrix, escrita na porta de um banheiro em Siem Reap, Camboja -

“Imagine all the people living life in peace
You can say I’m a dreamer but Im not the only one”
- John Lennon -

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Costume vietnamita!

Quando falei sobre as cidades que passamos até agora esqueci de comentar sobre um costume muito peculiar do povo local, ou pelo menos dos vendedores de Nha Trang, onde isso nos aconteceu.

É super comum você, turista, estar na praia e vendedores ambulantes oferecerem coisas para você comprar, certo? Pois é, em Nha Trang isso também acontece, mas com um pequeno detalhe: eles "interagem" de verdade com você!

Quer um óculos escuro? (Fazem a pergunta tocando no seu ombro, sentando na sua cadeira e puxando o maior papo!)

Quer uma fruta? (Cuidado pra não olhar pro lado enquanto eles falam com você, ou senão você vai levar um tapão! Aconteceu com a Sílvia, ela virou pra falar comigo e a mulher deu-lhe um tapão na perna, hahaha. Segura este tapa, Silvão!)

Mas a melhor foi:

Quer uma massagem? (Umas tias que fazem massagem em plena praia, já chegam te apalpando, colocando as mãos no seu pescoço e começando a apertar. Pra se livrar delas é um martírio. Elas simplesmente se recusam a ir embora. Teve uma até que acho que estava meio doida, começou a dar altas risadas e falar umas coisas totalmente sem nexo!)

Enfim, este é o Vietnam! E é adorável!

Sorte ou Revés!

Quem quer que esteja botando olho gordo em mim, por favor pare! Sério, nunca fui tão zicada.
Elencando tudo o que me aconteceu nestes 2 primeiros meses de viagem, vejam se eu tenho ou não razão:

1º: logo que cheguei aqui, depois de ter viajado 10h de trem ao sair do mesmo minha perna foi direto para o vão entre o trem e a plataforma! Detalhe: estava segurando duas malas e, segundo a Sílvia, a queda foi em câmera lenta, o que a tornou muito mais engraçada.
2º: ainda na primeira semana bati a cabeça com força em uma pilastra. Resultado: um galo na testa!
3º: assim que nos mudamos pra vila peguei infecção urinária!
4º: ainda na vila, fomos visitar uma cachoeira e pisei em falso no meio das rochas. Minha perna foi lá pro fundo e podia ter quebrado, mas fez só uns arranhões.
5º: na mesma cachoeira, ao tentar passar por uma pequena correnteza, me desequilibrei a a água foi me levando até que eu conseguisse segurar em uma rocha e parar, mas não antes de machucar o joelho!
6º: Peguei um resfriado chatíssimo logo depois do voluntário, no início da viagem em si.
7º: Já no Vietnam, andando na rua, topei o dedão numa pedra da calçada.
8º: Em Nha Trang escorreguei na escada do hotel e deslizei para o chão. Fui me apoiar com a mão e torci o dedão da mão, que inchou e ainda está doendo.
9º: Mais tarde, ao sair da piscina, escorreguei no chão molhado e levei um puta tombo que fez uma pequena ferida no meu dedão do pé.
10º: Em Saigon, ao sair de uma loja da Adidas, por pouco não levo o maior tombão nas escadas!

Acho que já foi o suficiente, hein? Então, macumbeiro de plantão, pode parar com o mal olhado!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Odisséia vietnamita!

Não é nada engraçado ser uma pessoa alta na Ásia! Nunca achei que fosse preferir ser baixa algum dia, mas este continente definitivamente não foi planejado para pessoas com mais de 1,70m. As minhas pernas estão sempre, sempre batendo em algum lugar e tudo parece muito apertado!

Pronto. Desabafo feito. Já posso seguir com o resto da viagem.

Ainda em Hanói decidimos fazer uma viagem de dois dias e uma noite até Halong Bay, uma baía no nordeste do Vietnam que é tombada pela Unesco como patrimônio da humanidade. Em vietnamita a palavra Ha Long quer dizer “onde o dragão mergulha na água” e diz a lenda que as formações geológicas típicas da baía foram criadas por um dragão cuja cauda moldou as montanhas em picos e vales, ao se deslocar para as montanhas nadando pela baía. Com o tempo os vales foram cobertos de água e os picos são o que hoje se torna visível.

Apesar do nosso tour ter sido meia boca (e isso inclui uma mini-van mais do que apertada!) o lugar é sim bem bonito e valeu a pena visitar. A geografia é linda e ainda tivemos a oportunidade de visitar umas cavernas, fazer um pouco de caiaque e dormir em plena baía, dentro de um barco.

De volta a Hanói pegamos as malas e fomos direto para Hué no ônibus noturno. Não preciso dizer que mesmo se tratando de um sleeping bus não era possível esticar as pernas decentemente, a menos que eu medisse 1,50m! E foram nada mais nada menos do que 14 horas!

Hué fica na costa, exatamente no meio do país. Indo do norte para o sul é a primeira cidade do antigo Vietnã do Sul (aquele que teve apoio dos EUA na guerra) e foi antiga capital do país entre 1802 e 1945, quando o sistema político ainda era o Império.

Mais um local tombado pelo Unesco é a citadela, que fica à beira do rio principal de Hué, o Suong Hong (rio perfumado). Visitamos a citadela no nosso primeiro dia. Trata-se de uma cidade imperial dentro de Hué que serviu de moradia para os Imperadores, suas famílias e empregados, além de ser o local oficial para reuniões de cunho político.

Seguimos pela cidade, que é bem pequena, em direção às vilas flutuantes. Essas vilas são bem comuns no país. Pequenos barcos que servem de casa para toda uma família que vive, literalmente, em cima da água. Vimos uma delas em Halong Bay (essa inclusive com escola) e agora uma em Hué. Continuamos pelo rio, passamos por mais um mercado que me fez sair correndo por causa do cheiro forte de carne crua, alguns templos e terminamos o dia vendo o pôr-do-sol na ponte principal que cruza o rio.

E ainda tive a oportunidade de conhecer e conversar um pouco com um estudante local de economia que me pediu, por favor, que conversasse com ele para que ele pudesse treinar seu inglês, que, aliás, aprendeu sozinho só de ficar conversando com os turistas da cidade!

No segundo e último dia em Hué fizemos um passeio de barco pelo rio e fomos até outra parte de cidade, mais afastada, onde estão as tumbas dos principais imperadores. Visitamos apenas uma delas, a Tomb of Minh Mang, imperador do Vietnam entre 1820 e 1840. Mais do que uma simples tumba o local é quase um retiro espiritual. É enorme. Com jardins, templos, lagos, lugares para adoração, etc. A tumba mesmo ninguém nem sabe onde está enterrada, e isso porque a cada imperador que morria eram necessários 200 empregados para o funeral, mas após o funeral essas 200 pessoas eram mortas para que não revelassem aonde fora enterrado o imperador e assim evitar que alguém roubasse sua tumba, cheia de ouro e outros metais valiosos.

Fomos ainda até a Thien Mu Pagoda, construída em 1601 e que em 1963 se tornou o lugar oficial de adoração a Thich Quang Duc, um monge que se queimou vivo em cima de seu carro como forma de protesto contra a política religiosa do governo local.

Próximo destino: Hoi An. Pegamos um ônibus de quase 4 horas para chegar a esta cidade ao sul de Hué que descobrimos não ter muito o que fazer. Felizmente conhecemos dois franceses no ônibus, o Olivier e o Denis, que nos serviram de companhia. E ainda ficamos em um hotel com piscina por 5 dólares cada por noite. Uma pechincha!

Por se tratar de uma cidade praticamente sem lugares turísticos para se visitar e contando o calor insuportável que fazia, resolvemos passar a tarde na piscina. E eu já tinha até esquecido como é bom uma água limpinha pra bater um pouco os braços e as pernas! No dia seguinte passamos a manhã na piscina e à tarde tomamos coragem para caminhar um pouco sob um sol do inferno.

Hoi An é uma cidadezinha charmosa, de estilo antigo, bem parecida com Paraty, mas que não exige muito tempo nem dedicação, portanto tratamos logo de sair dali para nosso próximo destino: Nha Trang, cidade de praia!

Nossa, ver o mar depois de tanto tempo é revigorante! Impressionante como uma faixa de areia e uma imensidão de água podem trazer tamanha sensação de paz! Passamos os dois dias inteiros igual lagartos no deserto: estiradas na areia! E quando esquentava demais íamos para o mar mais limpo que eu já vi até hoje. Com a água transparentíssima e sem nenhuma onda era como se estivéssemos em um piscinão. Perfeito.

E ainda reencontramos a Emília (nossa amiga sueca de Hanói), a amiga dela Sarah (também sueca) e um irlandês que elas tinham conhecido no ônibus, o Kenneth.

Apesar da praia com água limpa e do tempo convidativo tínhamos que continuar descendo. Na sexta-feira temos que deixar o país por causa do nosso visto e ainda temos mais uma cidade nos planos: Ho Chi Min City (ex Saigon), de onde escrevo agora e sobre a qual contarei no próximo post.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Um caos chamado cidade!

Depois de um mês e meio de viagem, finalmente mudamos de ares e país! Saímos definitivamente do Laos e viemos, enfim, começar nossa saga vietnamita.

Voamos de Luang Prabang para Hanoi, capital do Vietnan. E que vôo! Eu estava tranquila, mas a Silvia estava praticamente desesperada, e tudo porque o nosso guia de viagens dizia: Se puder evitar voar com a Lao Airlines, evite!

E o que fizemos? Não evitamos! Fomos com eles mesmo, hehehe. E até que foi tranquilo, tirando que o avião era bem "moderno", com uma turbina de hélices que ficou fazendo barulho durante o vôo inteiro. Quase no final rolou uma turbulência, deu uma balancadinha, mas ficou tudo bem. Chegamos sãs e salvas!

Estávamos no vôo com a Emília, uma sueca que conhecemos na última noite em Luang Prabang e que, coincidentemente, ia pegar o mesmo vôo que nós. Durante o vôo fizemos amizade com o Paras, um inglês de decendência indiana que estava morando no Vietnam há 3 anos. Infelizmente ele mora em Ho Chi Min City (antes Saigon) e iria passar apenas aquela noite em Hanoi. Mas já foi uma grande mão nas costas chegar e ser guiada por alguém que fala vietnamita e que pôde entrar num acordo sobre o preço do táxi sem que nos custasse uma fortuna. No fim das contas: USD 2,00 para cada uma por 40 minutos até à cidade. Nada mal!

Logo depois de deixarmos as nossas coisas no hotel o Paras levou a gente pra conhecer a vida noturna de Hanoi.

Primeiro fomos a um restaurante vietnamita onde comemos, acreditem ou não, carne de cisne! É bem parecida com frango, mas eu só comi um pedacinho, porque assim como frango assado, estava cheio de nervos e pele e eu ainda não passei deste ponto da minha frescura, então continuo evitando o que para mim são nojices degustativas.

No restaurante aprendemos o primeiro costume dos vietnamitas: jantar cedo! E não é uma opção. Ou você janta cedo ou dificilmente vai encontrar um lugar para comer aberto depois das 21h00! Chegamos neste restaurante às 20h50 e fomos atendidos super às pressas pois o restaurante tinha que fechar!

Praticamente enxotados de lá fomos para o Le Pub, um bar que tem uma filial em Saigon e onde o Paras tem uns amigos. Lá conhecemos dois dos garçons, o Crazy Dog e o Tiep, dois vietnamitas que eram meninos de rua e foram chamados para trabalhar neste restaurante, onde também aprenderam a falar inglês. É bem legal, em Hanoi tem vários restaurantes/ bares que fazem isso, tiram os jovens das ruas e dão uma oportunidade de trabalho. O máximo!

Ficamos por lá até o bar fechar e depois, com os meninos livres do trabalho, fomos levados até uma casa vietnamita onde só os locais vão para beber cerveja, feita por eles mesmo! E terminamos a noite numa balada em um barco no meio do rio. Segundo o Paras é lei que as coisas fechem cedo, mas por a balada ser no barco que está no rio e não em terra, a polícia faz vista grossa e deixa funcionar até altas horas, pois teoricamente a balada não está acontecendo em terra firme! Fala sério!

De Beatles a Madonna, pude perceber um outro costume vietnamita: na balada dois homens dançando até o chão juntos é suuuper normal! Dançar juntos é quase lei. Ficam dois meninos lá dançando como se fossem casal, mas não tem nada a ver com homossexualidade. Pelo contrário, é amizade mesmo.

Foi então que depois desta noite e no dia seguinte, vendo muitas mulheres andando com os braços entrelaçados e casais de namorados abraçados na grama ou andando de mãos dadas, percebi uma grande diferença entre a cultura asiática como um todo e a vietnamita: aqui eles demonstram afeto em público! E eu bem que estava sentindo falta de presenciar uma demonstração de carinho. Comecei a gostar do Vietnã!

No nosso primeiro dia inteiro em Hanoi eu e a Emilia fizemos um tour básico. Começamos indo ao Museu de Etnologia, que explica muito do dia a dia e da cultura das diversas tribos que moram no país. Duas coisas interessantes que aprendi foram:

- No nordeste tem uma tribo que faz rituais espíritas. Diz-se que ao evocar espíritos as pessoas têm acesso ao mundo espiritual representado por quatro elementos: Céu, Terra, Água e Florestas!

- Neste país muitas pessoas mais velhas têm os dentes pretos ou com manchas escuras, mas não por falta de higiene. É que eles têm o costume de mascar betel (não sei traduzir), um tipo de folha e castanha que deixa essas "cicatrizes" nos dentes. Os vietnamitas mais velhos costumam dizer que para começar uma boa conversa basta convidar alguém para mascar um pouco de betel.

Ainda no museu comi um sanduíche que me fez tomar uma decisão drástica enquanto estiver no Vietnã: aqui não ponho mais frango na boca! Isso porque meu lanche de frango veio com um pedaço do animal cheio de nervos, pele e, pasmem, umas peninhas! Intragável.

Vimos também uma apresentação de teatro de marionetes na água. Típica arte vietnamita, as marionetes na água são manipuladas por pessoas que ficam escondidas atrás de cortinas de palha através de pequenos sistemas escondidos sob a água. O teatro retrata a vida dos vietnamitas e suas principais atividades, como rezas, pesca, agricultura, vida familiar, kung fu, crenças, etc. Os boneco são muito bem manejados e é algo muito diferente de se ver, e bonito também, principalmente quando, além dos bonecos, há fogos de artifício nas cenas.

Hanoi é uma cidade suja e barulhenta. Enfestada de motocicletas que não param de buzinar e que não respeitam nenhum sinal de trânsito, elas te obrigam a atravessar a rua 1000 vezes mais atento do que de costume, pois já que eles não param é você quem tem que arranjar um jeito de atravessar passando por entre elas. E elas dominam também as calçadas. A cada 10m você tem que sair da calçada e andar na rua porque milhares de motocicletas estacionadas de qualquer jeito estão bloqueando a passagem específica para pedestres! Além das motos e da sujeira há ainda as incontáveis lojas, vendendo os mais diversos produtos como óculos, bolsas, mochilas, sapatos, roupas, comida, etc...dando à cidade uma cara bem parecida com a conturbada 25 de março paulistana. Um terror!

Mas toda grande cidade tem sua via de escape, e a de Hanoi é o lago Hoan Kiem, que fica no meio da parte antiga. Grande e quieto ele dá uma aparência pacífica a uma cidade caótica. Foi para lá que fomos depois da apresentação das marionetes.

O lago é motivo para uma lenda muito forte para as pessoas de Hanoi. Diz a lenda que em meados do século XV os céus deram ao imperador da época uma espada mágica utilizada para afugentar os chineses que dominavam o país. Um dia após a batalha final o imperador estava navegando pelo lago quando uma gigante e dourada tartaruga surgiu do fundo do lago e tomou a espada de suas mãos. Desde então o lago mudou de nome para o que hoje significa "Lago da espada reavida", pois a tartarura retornou a espada aos seus proprietários divinos.

Curtimos um pouco o lago e visitamos o Ngoc Son Temple, um templo que fica no meio do lago, conectado à terra por uma ponte e que tem uma estátua da famosa tartaruga. E depois terminamos o dia visitando a Catedral de St. Joseph, uma catedral católica de Hanoi.

No nosso último dia em Hanói fizemos um passeio típico para as pessoas locais. Fomos visitar o mausoléu do Ho Chi Min! Para quem não sabe ele foi um líder revolucionário do Vietnan, que lutou pela independência da Indochina (que era dominada pela França) e também foi figura chave na luta do Vietnan do norte (comunista) contra o Vietnan do sul (com apoio dos EUA), na qual morreu antes do término, mas, para os mais desavisados, foi vencedor e teve seu nome dado à capital do antigo Vietnan do sul, que de Saigon passou a se chamar Ho Chi Min City.

Enfim, o cara foi importante e isso explica a fila fenomenal na entrada do seu mausoléu! Poucos turistas e milhares de vietnamitas esperando pacientemente numa fila quilométrica só pra ver o corpo do Ho Chi (que intimidade, hein!). E quando digo o corpo, é o corpo de verdade! Ele fica exposto numa redoma de vidro e em seu corpo foi passada uma camada de cera para conservar, então é como se estivéssemos olhando o velho de verdade ali, deitado como se estivesse dormindo!

Almoçamos num restaurante no 4º andar de um prédio com vista para o famoso lago da cidade e depois fui sozinha (as preguiçosas não quiseram ir comigo) até um outro ponto turístico da cidade, o Temple of Literature. Trata-se de um templo confucionista e local da primeira universidade do Vietnan, além de ter belos gramados e lagos. Foi ali que um bando de estudantes vietnamitas me abordou e ficaram todos felizes quando eu topei tirar uma foto com eles. Senti-me uma celebridade de cinema!

Terminei o dia em Hanói passeando pelos becos da cidade, inclusive pelos trilhos do trem que cruza a cidade e cuja paisagem abre os olhos para a verdadeira condição de vida dos locais: casas apertadas, escuras e sujas. Pobre.

sábado, 11 de abril de 2009

Same same...but different!

Finalmente chegamos a uma cidade que causou uma boa impressão!

É até uma maneira um pouco mimada de dizer isso, porque na verdade a boa impressão só foi causada porque Luang Prabagang tem uma cara muito ocidental e agradável.

Tudo bem, eu vim até aqui pra ver a verdadeira Ásia, mas depois de mais de um mês morando numa vila no meio do nada é revigorante ver uma cidade bonitinha e arrumada.

Saímos de Vang Vieng pra pegar uma estrada de terra e cheia de curvas durante 6 horas em uma mini van apertada. Pra melhorar a bateria do Ipod só durou as primeiras 3h, mas tudo bem, estávamos animadas. Enfim estamos seguindo viagem!

No nosso primeiro dia em Luang Prabang cobrimos quase todos os pontos turísticos a pé. Mas antes de qualquer coisa ficamos tentando adivinhar com que lugar do mundo esta cidade se parece.

É charmosa, com arquitetura e jeitinho francês, mas ao mesmo tempo contém muito da cultura local e um ar de cidade praiana e ao mesmo tempo de montanha. Difícil de definir, mas muito bonita aos olhos. Muito agradável de se estar também.

Primeiro começamos pelo templo mais antigo ainda em atividade na cidade, o Wat Wisunalat, construído em 1513. Não é muito diferente de muito outros templos que existem aqui na Ásia, mas de qualquer forma foi bom estar por lá.

Seguimos depois para o maior dos templos, mas no caminho fomos parando em outros secundários, já que eles estão em todas as esquinas.

Este que é o maior chama-se Wat Xieng Thong e fica na pontinha da pequena península que a cidade possui por causa do encontro dos dois rios que a cortam: o Nam Khan e, de novo, o Mekong. É como se fosse um mini complexo de templos. Um deles tem uma carruagem com a Naga de 7 cabeças na frente (o animal que ajudou o Buda a cruzar um rio) e é onde ficam as cinzas da ex-família real. Em outro tem o templo em si, com uma enorme estátua do Buda. E todos os pequenos prédios do complexo têm, em seu exterior, lindos e impressionantes mosaicos! Muito bonitos mesmo.

Almoçamos na beira do Mekong e novamente adotamos a comida local como preferência nas refeições: é BEM mais barata!

No fim da tarde fomos ver o pôr-do-sol no Mekong de cima de uma colina que, adivinhem, é também um templo budista! Hehehe. Antes de irmos para o hotel demos um passeio pelo mercado noturno que toma conta da rua principal. Nada muito diferente daquelas feirinhas de praia, mas com artesanato laoense, claro.

No segundo dia alugamos uma bike e fomos pedalando até Phousy Market, uma feirona que vende de tudo, de cosméticos, cadernos e lâmpadas a comida. Da parte da comida eu não tenho muito sobre o que falar, pois mal fiquei ali...assim que entrei sai é bem correndo antes de vomitar! Tem umas partes que um monte de carne crua fica à mostra e o cheiro é insuportável!

Pelo amor de Deus, tínhamos que sair dali!

Passamos por mais alguns templos e ficamos pedalando pela cidade até o fim do dia quando fomos até um bar com um telão que passa filmes às 19h00. Como fomos as primeiras a chegar pudemos escolher o filme do dia: Sex and the City! Hahaha, super fútil, mas muito propício para umas risadas.

No último dia fomos até o Palácio Real, que hoje se tornou o Museu Nacional já que no Laos não existe mais monarquia. Depois almoçamos e esticamos numa conversa com um israelita que conhecemos no restaurante, o Daniel.

Depois, caminhando pela cidade, por pura coincidência encontramos o Jeroen, o holandês que tínhamos conhecido em Vang Vieng! Ele estava com uma nova amiga, a Emília (da Suécia) e era a última noite de todo mundo em Luang Prabang, então decidimos ir comer alguma coisa e depois irmos para um bar brindar.

Comemos num vendedor de rua que oferecia um buffet vegetariano por 5.000 kips (R$ 1,40). Ele te dava o prato e você enchia até quanto quisesse ou pudesse. Não foi muito uma boa idéia já que mais tarde nessa mesma noite eu tive uma noite de rei: praticamente no no trono!

Mas o bar depois deste buffet suspeito foi bom. Eu, Silvão, Emília, Jeroen, Daniel e mais 3 belgas que conhecemos no buffet.

O bom de ser mochileiro é isso, se você tiver afim faz amizade em qualquer canto, com gente de todos os cantos!

Depois de 3 dias em Luang Prabang a gente ainda não sabe com que cidade ela se parece, mas chegamos à conclusão que é um mix entre Campos do Jordão, cidade de praia e cidadezinha do interior da Europa.

Claro que Luang Prabang é única e na verdade não tem nada a ver com nenhuma dessas conclusões tiradas por nós, mas é como os próprios laoenses dizem para qualquer coisa que tenha uma mínima semelhança com outra: Same same...but different!