quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Continuando Namíbia e África do Sul!

Swakopmund é super limpa e organizada, ou seja, ultra-alemã, inclusive dá pra ouvir alemão em toda a esquina sendo que vários deles vivem no país.

Visitei o museu da cidade que compila informação sobre os costumes locais, época da colonização, ocupação alemã e sul-africana, minerais encontrados no deserto, animais, etc....de tudo um pouco e de chato um muito =/

Mais tarde fomos no cinema assistir Hangover, encontramos a galera numa pizzaria e terminamos a noite no bar do hotel onde conheci uma alemã que mora na Namíbia e é apaixonada pelo Brasil, especialmente por São Paulo! Eita.

No dia seguinte caminhei pela praia e fui até as dunas, um pedacinho do famoso deserto da Namíbia. Sério, é de cair o queixo como estas dunas são grandes.

Pro almoço um autêntico schintzel alemão e depois um tour nas townships locais, ou, em bom português, favela. Não sei se a condição dos moradores é pior ou melhor do que na favela paulistana, mas que a favela em si é muito mais organizada e decente isso é. Primeiro que não é um monte de casa uma cima da outra no morro, mas sim um monte de casas uma ao lado da outra, em ruas como se fosse um bairro normal, só que obviamente as casas são igualmente precárias. O que eu achei impressionante é que eles têm todo um sistema de distribuição de água. A cada 9 ou 10 casas existe uma bomba de água na qual cada família tem direito a uma certa quota por semana, de maneira que a água é gratuita e distribuída igualmente entre as famílias. Também tem os banheiros que ficam fora das casas. Cada banheiro é para o uso de duas famílias, cada família com 6 ou 7 integrantes, sem descarga e sendo limpos 2 vezes por semanas. Hmm, não muito agradável de imaginar, hein.

Na township visitamos a casa de três locais. A primeira casa foi de uma mulher da tribo dos Hereros, cujo costumes são bem arcaicos, do tipo quando um homem casa com uma mulher, se esta achar que precisa de mais ajuda na casa ou quer ter mais filhos mas já passou da idade ela escolhe uma nova esposa para o marido, ou seja, desde que a primeira mulher aceite e escolha a próxima vítima ele pode ter várias esposas...e com isso muita dor de cabeça!

Falando em cabeça ela ainda usava uma roupa típica, um vestido estampado com um chapéu com dois chifres. Disse ela que era para que ficassem semelhantes às vacas! O porquê fiquei sem saber.

A segunda casa que visitamos foi de uma senhora de 85 anos (Lena) que é a chefe da vila. Não chefe no sentido próprio da palavra, mas mais como se fosse uma conselheira. As pessoas, em momentos de dúvidas, brigas ou por não saberem o que fazer em determinada situação vão à casa dela pedir conselhos. Ela é super bem vista na vila e todos a respeitam, mas hoje em dia ela disse que o número de pessoas que a procuram é cada vez menor devido à modernidade.

A terceira e última casa foi a da Augustina, a curandeira da vila, que nos mostrou os remédios naturais que ela usa para os mais diversos fins, incluindo cu de hiena e merda de elefante...imaginem que todas essas iguarias passaram de mão em mão e nós ainda cheiramos cada uma delas!

Depois passeamos pela vila com dezenas de crianças nos seguindo, tomamos cerveja com os locais no bar local e, por fim, jantamos comida local: feijão, frango, espinafre, uma massa tipo polenta e, acreditem se quiser, caterpillar (me fugiu o nome em português, mas é aquela larvinha que vira borboleta)!!!!

Olha que pra ser sincera não é ruim não, é só uma questão de você desvincular da cabeça a idéia de estar comendo uma larva crocante, mas o sabor não é dos piores...mas também não é nenhuma coisa imperdível. Bom, ninguém realmente apreciou, salvo a Cheryl que gostou e comeu uns vários na seqüência!

No final da noite as crianças cantaram e dançaram para nós. E como remexem!

No último dia em Swakopmund Anna, Jen e eu fomos até o restaurante do farol tomar café da manhã: waffles com frutas e sorvete! Hummmm.

À tarde fomos fazer quad-biking nas dunas do deserto. Aff, é muito legal! Primeiro eles explicam que as motos automáticas têm um limite de 60km/h e eu achei que era pouco e que ia ficar comendo areia atrás de todo mundo, mas quando você está lá nas dunas você percebe que é velocidade mais que o suficiente e que o negócio é rápido e chega a dar medo, pelo menos no começo. É que as dunas são enormes, altas mesmo, e a gente sobe até quase o topo delas com as motos e depois desce na maior velô e demora um pouquinho até pegar o jeito. E como são lindas as dunas! De tirar o fôlego. Uma imensidão de sobes e desces de areia com diferentes cores dependendo do reflexo do sol, extraordinário mesmo.

No dia que deixamos a cidade tínhamos longas horas de estrada pela frente, quase a tarde inteira. Era aniversário da Cheryl, então como íamos passar quase o dia todo dentro do caminhão fizemos uma festa ali mesmo. Com vários jogos, músicas e drinking games fomos o caminho inteiro festejando e dançando, o caminhão chacoalhando pra lá e pra cá. E quando chegamos no acampamento ainda improvisei uma caipirinha pra galera, que adorou!

Finalmente chegamos no coração do deserto da Namíbia, e é ainda mais impressionante que o lugar onde fizemos o quad-biking. As dunas são muito mais altas, as areias alaranjadas, quase vermelhas e os olhos se perdem no horizonte.

Subimos uma das dunas a pé até o topo (mais ou menos 150m) e vou dizer que apesar da altura ser pequena haja pernas pra subir um monte de areia! Os pés atolam a toda hora e o vento incessante não pára de jogar areia em você. Na segunda parada no deserto o lugar para se visitar era o Death Valley, uma vale no meio das dunas com árvores secas, mas o caminhão não podia ir até lá. As opções eram andar 2km ou pagar um dos guias para te levar até lá num jipe. Óbvio que eu fui com a segunda opção...não me chamem de folgada, mas é que o vento estava mesmo muito forte!

Desde que decidi vir pra África e escolhi o roteiro que iria fazer o deserto vermelho da Namíbia sempre foi um dos locais que estive esperando mais por visitar. Não deixou a desejar, valeu cada segundo que passei ali. Volto a repetir: é muito lindo, de tirar o fôlego, um daqueles lugares que tez faz pensar em como somos pequenos perante a natureza.

Enfim, deixando o deserto de lado, nosso último destino no país antes de cruzarmos a fronteira foi uma passada rápida no Fish River Canyon, o segundo maior cânion do mundo (o primeiro sendo o Grand Canyon, nos EUA). Eu que tive o privilégio de estar nos dois devo dizer que o do Tio Sam é infinitamente mais bonito. Falta graça no africano, falta a grandeza dos vales e das fossas e as enormes fissuras nas rochas que fazem o cânion americano único.

Mas valeu a pena, especialmente porque terminamos a visita no cânion vendo o sol se pôr enquanto tomávamos vinho e comíamos queijo, um luxo pelo qual esperamos a viagem inteira.

ÁFRICA DO SUL

Tudo o que é bom dura tempo o suficiente para se tornar inesquecível. Depois de quase 2 meses acampando na África e quase 6 meses viajando mundo afora o que parecia tão distante chegou: o último pais, África do Sul!

Nada mais digno que no país conhecido por ter tantas vinícolas e bons vinhos iniciássemos nossa visita com uma parada em uma delas. Portanto nossa primeira noite em terras sul-africanas foi neste acampamento chamado de Highlanders, onde o dono possui uma pequena vinícola e pudemos então fazer uma degustação de vinhos...com mais queijo!!!

Foi também a última noite que acampamos e tivemos que dar tchau às nossas barracas. Acho que não tinha mencionado, mas cada uma tinha um nome e algumas pessoas se apegaram a elas por conta disso. Nunca mais iria dormir na minha querida Hansa.

Obs: Cada nome era o nome de uma cerveja africana! Hansa é uma cerveja da Namíbia.

Partimos então para Stellenbosch, uma cidadezinha perto de Cape Town famosa por hospedar as melhores vinícolas do país. No caminho fiquei encantada com as estradas, que diferente do que estávamos acostumados desde o Zimbábue, começaram a apresentar bosques esverdeados e floridos ao invés daquela mata seca de tons pastéis.

No primeiro dia não fizemos nada de mais em Stellenbosch. A única curiosidade foi que jantei num restaurante tailandês, na África do Sul cujo dono era português. Pode? Como diria meu querido vovô José: essa não deu!

Já no segundo dia sim, fizemos um tour pelas vinícolas. Quatro no total e cada uma com degustação de vinhos inclusa. Uma delas inclusive com degustação de queijo, um melhor que o outro. Mas o melhor foi o queijo 100% de cabra, aff, muito bom, derrete na boca!

Bem, agora imaginem só como não estava o estado das pessoas no final do dia após visitar 4 vinícolas e experimentar uma média de 5 vinhos em cada uma...tsc tsc. Só sei que quando eu voltei pro albergue devorei o jantar...será que tem alguma relação? Hehehe.

Deixando o líquido dos deuses de lado era hora de seguir pra Cape Town.

Depois de 53 dias viajando pelo sudeste africano nas mais inóspitas estradas o caminhão não apresentou nenhum problema. A 45 minutos de Cape Town, numa estrada asfaltada de boa qualidade e no único dia da viagem inteira que estava chovendo adivinhem: quebrou!

Sim! A suspensão de uma das rodas quebrou ali, no meio da rua, obrigando todos a descerem e esperarem embaixo de chuva por duas horas até o conserto. Bom, se já não há um ditado que diz isso, digo eu: sempre acontece uma cagadinha quando você pensa que as coisas estão terminando bem.

Chegamos com atraso, mas chegamos! A última cidade do roteiro, hora de passar os últimos dias com as pessoas com quem vivi 24 horas por dia nos últimos 2 meses e depois cada um seguir seu rumo. E como passou rápido.

Assim que chegamos Cat, Eleanor, Will e eu fomos caminhando até o porto para comprarmos os tickets da balsa que vai até Robben Island...infelizmente no caminho um sujeito se aproximou e fez do Will a bola da vez. Chegou perto dele falando na língua local e quando percebeu que o Will não entendia, atestando assim sua condição de turista, sacou uma faca do bolso e lhe roubou a carteira com o dinheiro que toda a galera havia dado pra ele comprar os tickets.

A África do Sul é considerado o país mais perigoso do mundo devido ao alto índice de criminalidade, mas eu não havia sentindo um clima de perigo quando passei uma semana em Cape Town no ano passado. Afinal, naquela época éramos mais de 200 pessoas e nenhuma de nós passou por nada parecido.

Não posso dizer o mesmo desta vez. Além do Will, dois dias depois roubaram o celular da Lucy, ficamos sabendo de um assassinato que aconteceu pertinho de onde estávamos hospedados e ainda outro gringo que nos contou que o próprio motorista do táxi que tomou, quando viu que sua carteira estava cheia de dinheiro, também puxou uma faca e o obrigou a entregar a gordinha.

Veja bem, uma semana no ano passado e nada. Quatro dias desta vez e todos estes exemplos. É difícil estereotipar, mas parece que o status de país mais perigoso do mundo se aplica.

Mas atenção, esta experiência não deve ser considerada para todo o continente. Muito pelo contrário. Em todos os países pelos quais passamos antes não me senti ameaçada em nenhum deles. Os locais sempre foram muito amistosos e amigáveis e andar pelas ruas não era problema se tomado os cuidados básicos.

Quero deixar claro que visitar a África do Sul fica a critério de cada um, mas com relação ao resto do continente, este aconselho a todos uma visita, de olhos fechados, pois a África é muito mais do que aquilo que vemos na tevê. Às vezes mais pobre, mas quase sempre mais surpreendente, no sentindo bom da palavra.

Voltando ao relato, fomos fazer o B.O. na delegacia e depois, como nenhum táxi estava passando pela delegacia, um dos policiais ofereceu uma carona e pela primeira vez na vida nós quatro fomos na traseira de um camburão! Viu só, tudo tem seu lado positivo, ganhamos a noite com esta experiência! Hehehehe.

O mais engraçado foi que nesta mesma noite tínhamos marcado nosso último jantar em grupo no Mama África, um restaurante famoso na cidade, e chegamos arrasando no camburão da polícia! Uh-hul!

O jantar no Mama África foi super legal. A banda ao vivo era ótima, foi nosso último jantar com todo mundo reunido e ainda pudemos provar as últimas iguarias africanas: espetinho de crocodilo e bife de avestruz. Os dois muito bons, mas o avestruz deixou o crocodilo no chinelo com sua maciez e gosto de picanha. Juro! Quem tiver a oportunidade faça a prova.

O resto dos dia em Cape Town foram tranqüilos e pude fazer as coisas devagar. Em um dia fui a Table Mountain (cartão postal da cidade) e na Green Square Market (praça de artesanato) e jantamos num restaurante tailandês para a despedida da Anna, que foi a primeira a nos deixar.

Nos outros dias fui ao cinema ver My Sister’s Keeper (com a menina do Miss Sunshine e a Cameron Diaz), andei pelo bairro islâmico do Bo Kaap e suas casinhas cada uma de uma cor, fui até a Robben Island, onde está a prisão onde ficou preso o Nelson Mandela e também alugamos um carro para irmos ver os pingüins na Boulders Beach e descer até o Cabo da Boa Esperança. E ainda, em uma das noites, fui jantar na casa do dono de uma das lojinhas de souvenir da Long Street, um cara dos Camarões que conheci no ano passado com o qual, naquela oportunidade, conversei durante horas. Passei por lá desta vez, ele me reconheceu e me convidou pra jantar na casa dele. Um ótimo cous-cous à francesa. Arranjei convite de hospedagem de graça para a Copa do Mundo e tudo! No meio tempo, cada um foi deixando a cidade aos poucos e dando o seu tchau.

No fim das contas foi uma boa estadia, mas depois de tantas notícias ruins em relação à segurança da cidade a galera estava desconfortável em explorá-la então acabamos nos detendo só aos atrativos turísticos básico mesmo.

No domingo Flemming, Ben, Imogen, Cheryl e eu almoçamos juntos pela última vez no Waterfront e à tarde eu e a Cheryl pegamos o interminável ônibus de 20 horas para Johannesburgo. Olha que até que nem pareceu tão longo, conseguimos dormir bem e chegando em Jo’burg tudo o que queríamos era chegar logo no albergue e nos sentirmos sãs e salvas. Não fizemos turismo dessa vez. Tínhamos apenas um dia na cidade e resolvemos descansar um pouco no albergue, dando-nos o luxo de apenas jantar fora em um restaurante português.

E no dia seguinte...cheguei ao Brasil!!!

Um comentário:

Bruna Seguchi disse...

olá juliana ! meu nome é Bruna e eu estou indo fazer um intercâmbio em Cape Town no final do ano. Gostaria de saber o que você achou da cidade, coisas de turista mesmo, lugares legais, e uma visão da cidade também. Se voce perferir me mandar um email me contando a sua experiencia e não for atrapalhar eu queria muito saber como foi a África pra você ! brigada, beeeeijo !
bruna_seguchi@hotmail.com