quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Continuando Namíbia e África do Sul!

Swakopmund é super limpa e organizada, ou seja, ultra-alemã, inclusive dá pra ouvir alemão em toda a esquina sendo que vários deles vivem no país.

Visitei o museu da cidade que compila informação sobre os costumes locais, época da colonização, ocupação alemã e sul-africana, minerais encontrados no deserto, animais, etc....de tudo um pouco e de chato um muito =/

Mais tarde fomos no cinema assistir Hangover, encontramos a galera numa pizzaria e terminamos a noite no bar do hotel onde conheci uma alemã que mora na Namíbia e é apaixonada pelo Brasil, especialmente por São Paulo! Eita.

No dia seguinte caminhei pela praia e fui até as dunas, um pedacinho do famoso deserto da Namíbia. Sério, é de cair o queixo como estas dunas são grandes.

Pro almoço um autêntico schintzel alemão e depois um tour nas townships locais, ou, em bom português, favela. Não sei se a condição dos moradores é pior ou melhor do que na favela paulistana, mas que a favela em si é muito mais organizada e decente isso é. Primeiro que não é um monte de casa uma cima da outra no morro, mas sim um monte de casas uma ao lado da outra, em ruas como se fosse um bairro normal, só que obviamente as casas são igualmente precárias. O que eu achei impressionante é que eles têm todo um sistema de distribuição de água. A cada 9 ou 10 casas existe uma bomba de água na qual cada família tem direito a uma certa quota por semana, de maneira que a água é gratuita e distribuída igualmente entre as famílias. Também tem os banheiros que ficam fora das casas. Cada banheiro é para o uso de duas famílias, cada família com 6 ou 7 integrantes, sem descarga e sendo limpos 2 vezes por semanas. Hmm, não muito agradável de imaginar, hein.

Na township visitamos a casa de três locais. A primeira casa foi de uma mulher da tribo dos Hereros, cujo costumes são bem arcaicos, do tipo quando um homem casa com uma mulher, se esta achar que precisa de mais ajuda na casa ou quer ter mais filhos mas já passou da idade ela escolhe uma nova esposa para o marido, ou seja, desde que a primeira mulher aceite e escolha a próxima vítima ele pode ter várias esposas...e com isso muita dor de cabeça!

Falando em cabeça ela ainda usava uma roupa típica, um vestido estampado com um chapéu com dois chifres. Disse ela que era para que ficassem semelhantes às vacas! O porquê fiquei sem saber.

A segunda casa que visitamos foi de uma senhora de 85 anos (Lena) que é a chefe da vila. Não chefe no sentido próprio da palavra, mas mais como se fosse uma conselheira. As pessoas, em momentos de dúvidas, brigas ou por não saberem o que fazer em determinada situação vão à casa dela pedir conselhos. Ela é super bem vista na vila e todos a respeitam, mas hoje em dia ela disse que o número de pessoas que a procuram é cada vez menor devido à modernidade.

A terceira e última casa foi a da Augustina, a curandeira da vila, que nos mostrou os remédios naturais que ela usa para os mais diversos fins, incluindo cu de hiena e merda de elefante...imaginem que todas essas iguarias passaram de mão em mão e nós ainda cheiramos cada uma delas!

Depois passeamos pela vila com dezenas de crianças nos seguindo, tomamos cerveja com os locais no bar local e, por fim, jantamos comida local: feijão, frango, espinafre, uma massa tipo polenta e, acreditem se quiser, caterpillar (me fugiu o nome em português, mas é aquela larvinha que vira borboleta)!!!!

Olha que pra ser sincera não é ruim não, é só uma questão de você desvincular da cabeça a idéia de estar comendo uma larva crocante, mas o sabor não é dos piores...mas também não é nenhuma coisa imperdível. Bom, ninguém realmente apreciou, salvo a Cheryl que gostou e comeu uns vários na seqüência!

No final da noite as crianças cantaram e dançaram para nós. E como remexem!

No último dia em Swakopmund Anna, Jen e eu fomos até o restaurante do farol tomar café da manhã: waffles com frutas e sorvete! Hummmm.

À tarde fomos fazer quad-biking nas dunas do deserto. Aff, é muito legal! Primeiro eles explicam que as motos automáticas têm um limite de 60km/h e eu achei que era pouco e que ia ficar comendo areia atrás de todo mundo, mas quando você está lá nas dunas você percebe que é velocidade mais que o suficiente e que o negócio é rápido e chega a dar medo, pelo menos no começo. É que as dunas são enormes, altas mesmo, e a gente sobe até quase o topo delas com as motos e depois desce na maior velô e demora um pouquinho até pegar o jeito. E como são lindas as dunas! De tirar o fôlego. Uma imensidão de sobes e desces de areia com diferentes cores dependendo do reflexo do sol, extraordinário mesmo.

No dia que deixamos a cidade tínhamos longas horas de estrada pela frente, quase a tarde inteira. Era aniversário da Cheryl, então como íamos passar quase o dia todo dentro do caminhão fizemos uma festa ali mesmo. Com vários jogos, músicas e drinking games fomos o caminho inteiro festejando e dançando, o caminhão chacoalhando pra lá e pra cá. E quando chegamos no acampamento ainda improvisei uma caipirinha pra galera, que adorou!

Finalmente chegamos no coração do deserto da Namíbia, e é ainda mais impressionante que o lugar onde fizemos o quad-biking. As dunas são muito mais altas, as areias alaranjadas, quase vermelhas e os olhos se perdem no horizonte.

Subimos uma das dunas a pé até o topo (mais ou menos 150m) e vou dizer que apesar da altura ser pequena haja pernas pra subir um monte de areia! Os pés atolam a toda hora e o vento incessante não pára de jogar areia em você. Na segunda parada no deserto o lugar para se visitar era o Death Valley, uma vale no meio das dunas com árvores secas, mas o caminhão não podia ir até lá. As opções eram andar 2km ou pagar um dos guias para te levar até lá num jipe. Óbvio que eu fui com a segunda opção...não me chamem de folgada, mas é que o vento estava mesmo muito forte!

Desde que decidi vir pra África e escolhi o roteiro que iria fazer o deserto vermelho da Namíbia sempre foi um dos locais que estive esperando mais por visitar. Não deixou a desejar, valeu cada segundo que passei ali. Volto a repetir: é muito lindo, de tirar o fôlego, um daqueles lugares que tez faz pensar em como somos pequenos perante a natureza.

Enfim, deixando o deserto de lado, nosso último destino no país antes de cruzarmos a fronteira foi uma passada rápida no Fish River Canyon, o segundo maior cânion do mundo (o primeiro sendo o Grand Canyon, nos EUA). Eu que tive o privilégio de estar nos dois devo dizer que o do Tio Sam é infinitamente mais bonito. Falta graça no africano, falta a grandeza dos vales e das fossas e as enormes fissuras nas rochas que fazem o cânion americano único.

Mas valeu a pena, especialmente porque terminamos a visita no cânion vendo o sol se pôr enquanto tomávamos vinho e comíamos queijo, um luxo pelo qual esperamos a viagem inteira.

ÁFRICA DO SUL

Tudo o que é bom dura tempo o suficiente para se tornar inesquecível. Depois de quase 2 meses acampando na África e quase 6 meses viajando mundo afora o que parecia tão distante chegou: o último pais, África do Sul!

Nada mais digno que no país conhecido por ter tantas vinícolas e bons vinhos iniciássemos nossa visita com uma parada em uma delas. Portanto nossa primeira noite em terras sul-africanas foi neste acampamento chamado de Highlanders, onde o dono possui uma pequena vinícola e pudemos então fazer uma degustação de vinhos...com mais queijo!!!

Foi também a última noite que acampamos e tivemos que dar tchau às nossas barracas. Acho que não tinha mencionado, mas cada uma tinha um nome e algumas pessoas se apegaram a elas por conta disso. Nunca mais iria dormir na minha querida Hansa.

Obs: Cada nome era o nome de uma cerveja africana! Hansa é uma cerveja da Namíbia.

Partimos então para Stellenbosch, uma cidadezinha perto de Cape Town famosa por hospedar as melhores vinícolas do país. No caminho fiquei encantada com as estradas, que diferente do que estávamos acostumados desde o Zimbábue, começaram a apresentar bosques esverdeados e floridos ao invés daquela mata seca de tons pastéis.

No primeiro dia não fizemos nada de mais em Stellenbosch. A única curiosidade foi que jantei num restaurante tailandês, na África do Sul cujo dono era português. Pode? Como diria meu querido vovô José: essa não deu!

Já no segundo dia sim, fizemos um tour pelas vinícolas. Quatro no total e cada uma com degustação de vinhos inclusa. Uma delas inclusive com degustação de queijo, um melhor que o outro. Mas o melhor foi o queijo 100% de cabra, aff, muito bom, derrete na boca!

Bem, agora imaginem só como não estava o estado das pessoas no final do dia após visitar 4 vinícolas e experimentar uma média de 5 vinhos em cada uma...tsc tsc. Só sei que quando eu voltei pro albergue devorei o jantar...será que tem alguma relação? Hehehe.

Deixando o líquido dos deuses de lado era hora de seguir pra Cape Town.

Depois de 53 dias viajando pelo sudeste africano nas mais inóspitas estradas o caminhão não apresentou nenhum problema. A 45 minutos de Cape Town, numa estrada asfaltada de boa qualidade e no único dia da viagem inteira que estava chovendo adivinhem: quebrou!

Sim! A suspensão de uma das rodas quebrou ali, no meio da rua, obrigando todos a descerem e esperarem embaixo de chuva por duas horas até o conserto. Bom, se já não há um ditado que diz isso, digo eu: sempre acontece uma cagadinha quando você pensa que as coisas estão terminando bem.

Chegamos com atraso, mas chegamos! A última cidade do roteiro, hora de passar os últimos dias com as pessoas com quem vivi 24 horas por dia nos últimos 2 meses e depois cada um seguir seu rumo. E como passou rápido.

Assim que chegamos Cat, Eleanor, Will e eu fomos caminhando até o porto para comprarmos os tickets da balsa que vai até Robben Island...infelizmente no caminho um sujeito se aproximou e fez do Will a bola da vez. Chegou perto dele falando na língua local e quando percebeu que o Will não entendia, atestando assim sua condição de turista, sacou uma faca do bolso e lhe roubou a carteira com o dinheiro que toda a galera havia dado pra ele comprar os tickets.

A África do Sul é considerado o país mais perigoso do mundo devido ao alto índice de criminalidade, mas eu não havia sentindo um clima de perigo quando passei uma semana em Cape Town no ano passado. Afinal, naquela época éramos mais de 200 pessoas e nenhuma de nós passou por nada parecido.

Não posso dizer o mesmo desta vez. Além do Will, dois dias depois roubaram o celular da Lucy, ficamos sabendo de um assassinato que aconteceu pertinho de onde estávamos hospedados e ainda outro gringo que nos contou que o próprio motorista do táxi que tomou, quando viu que sua carteira estava cheia de dinheiro, também puxou uma faca e o obrigou a entregar a gordinha.

Veja bem, uma semana no ano passado e nada. Quatro dias desta vez e todos estes exemplos. É difícil estereotipar, mas parece que o status de país mais perigoso do mundo se aplica.

Mas atenção, esta experiência não deve ser considerada para todo o continente. Muito pelo contrário. Em todos os países pelos quais passamos antes não me senti ameaçada em nenhum deles. Os locais sempre foram muito amistosos e amigáveis e andar pelas ruas não era problema se tomado os cuidados básicos.

Quero deixar claro que visitar a África do Sul fica a critério de cada um, mas com relação ao resto do continente, este aconselho a todos uma visita, de olhos fechados, pois a África é muito mais do que aquilo que vemos na tevê. Às vezes mais pobre, mas quase sempre mais surpreendente, no sentindo bom da palavra.

Voltando ao relato, fomos fazer o B.O. na delegacia e depois, como nenhum táxi estava passando pela delegacia, um dos policiais ofereceu uma carona e pela primeira vez na vida nós quatro fomos na traseira de um camburão! Viu só, tudo tem seu lado positivo, ganhamos a noite com esta experiência! Hehehehe.

O mais engraçado foi que nesta mesma noite tínhamos marcado nosso último jantar em grupo no Mama África, um restaurante famoso na cidade, e chegamos arrasando no camburão da polícia! Uh-hul!

O jantar no Mama África foi super legal. A banda ao vivo era ótima, foi nosso último jantar com todo mundo reunido e ainda pudemos provar as últimas iguarias africanas: espetinho de crocodilo e bife de avestruz. Os dois muito bons, mas o avestruz deixou o crocodilo no chinelo com sua maciez e gosto de picanha. Juro! Quem tiver a oportunidade faça a prova.

O resto dos dia em Cape Town foram tranqüilos e pude fazer as coisas devagar. Em um dia fui a Table Mountain (cartão postal da cidade) e na Green Square Market (praça de artesanato) e jantamos num restaurante tailandês para a despedida da Anna, que foi a primeira a nos deixar.

Nos outros dias fui ao cinema ver My Sister’s Keeper (com a menina do Miss Sunshine e a Cameron Diaz), andei pelo bairro islâmico do Bo Kaap e suas casinhas cada uma de uma cor, fui até a Robben Island, onde está a prisão onde ficou preso o Nelson Mandela e também alugamos um carro para irmos ver os pingüins na Boulders Beach e descer até o Cabo da Boa Esperança. E ainda, em uma das noites, fui jantar na casa do dono de uma das lojinhas de souvenir da Long Street, um cara dos Camarões que conheci no ano passado com o qual, naquela oportunidade, conversei durante horas. Passei por lá desta vez, ele me reconheceu e me convidou pra jantar na casa dele. Um ótimo cous-cous à francesa. Arranjei convite de hospedagem de graça para a Copa do Mundo e tudo! No meio tempo, cada um foi deixando a cidade aos poucos e dando o seu tchau.

No fim das contas foi uma boa estadia, mas depois de tantas notícias ruins em relação à segurança da cidade a galera estava desconfortável em explorá-la então acabamos nos detendo só aos atrativos turísticos básico mesmo.

No domingo Flemming, Ben, Imogen, Cheryl e eu almoçamos juntos pela última vez no Waterfront e à tarde eu e a Cheryl pegamos o interminável ônibus de 20 horas para Johannesburgo. Olha que até que nem pareceu tão longo, conseguimos dormir bem e chegando em Jo’burg tudo o que queríamos era chegar logo no albergue e nos sentirmos sãs e salvas. Não fizemos turismo dessa vez. Tínhamos apenas um dia na cidade e resolvemos descansar um pouco no albergue, dando-nos o luxo de apenas jantar fora em um restaurante português.

E no dia seguinte...cheguei ao Brasil!!!

sábado, 22 de agosto de 2009

Botsuana e um pouquinho da Namíbia

Aff, tô quase voltando pro Brasil e ainda falta um montão de coisas pra escrever aqui, então aí vai:

BOTSUANA

Ficamos só uma semana no país e a primeira parada foi no Chobe National Park, onde fizemos um cruzeiro pelo rio que cruza o parque. Foi bem legal pois vimos um elefante imenso nadando, vários crocodilos, búfalos, diferentes pássaros e um família de hipopótamos, com bebezinho e tudo! Um dos hippos estava nadando perto do nosso barco e até nos seguiu por uns instantes...reconfortante é saber que hipopótamo é o animal mais perigoso da África pois é o que mais mata seres humanos...uhul!!!

Depois de uma noite de bush camp seguimos para o Okavango Delta, o principal destino turístico de Botsuana. É uma região super rica em flora e fauna devido ao delta do rio Okavango. O delta é enorme e fica afastado da civilização. Para chegar lá é necessário se hospedar em Maun, a cidade mais próxima, e de lá seguir para o delta em um dos Mokoros (canoas feitas de um único tronco de árvore).

O primeiro dia em Maun foi só pra descansar, Internet, etc. Também ganhei um novo parceiro de barraca já que a Liv voltou com o namorado e então eu comecei a dividir o "lar" com o Flemming.

No segundo dia fomos para o delta. A viagem no Mokoro dura 2h30, dois passageiros na canoa, bagagens e só uma pessoa remando!!!! Na verdade nem é remo, porque o delta é super raso, então o “remador” fica em pé na parte traseira do Mokoro e com um bambu vai tocando o chão e empurrando a canoa.

Assim que chegamos fomos fazer uma trilha no meio da savana, mas não vimos quase nada. Na manhã seguinte fizemos uma nova trilha super cedo e aí sim vimos girafas, wildbeest, zebras e elefantes. O legal é que a trilha é feita toda a pé, ou seja, se aparecer um leão no caminho é fechar os olhos e rezar! Nenhum leão apareceu, mas dois elefantes começaram a vir na nossa direção e tivemos que ficar parados esperando que eles não nos vissem, e de fato não viram, porque apareceu um helicóptero sobrevoando a região e os espantou. E depois, quando nem estávamos olhando, um bando de wildbeest veio correndo direto na nossa direção, mas pertinho de nós eles mudaram de rumo...admito que fiquei com medo.

Terminada a experiência em Botsuana fizemos alguns bush camps seguidos (imaginem a situação da galera sem banho) e seguimos para a Namíbia.

NAMÍBIA

Definitivamente um dos países com as paisagens mais interessantes!

Paramos rapidamente na capital (Windhoek), que foi a primeira cidade na viagem inteira que pode ser chamada de cidade, ou pelo menos do jeito que conhecemos uma: com fast foods, prédios, ruas asfaltadas, shopping, etc. Além de ser super limpa e com um estilo super alemão. Visitei os jardins do parlamento e o exterior da igreja que estava fechada. E o básico Internet, comida e banheiro.

Nossa primeira parada de verdade foi no Etosha National Park, ao norte. Fizemos um safári pelo parque dentro do caminhão mesmo...girafas, zebras, búfalos, elefantes e todos os animais que no começo são super interessantes mas depois de um mês os vendo a todo o momento são simplesmente mais um integrante da paisagem e se tornam comuns.

Perto de Etosha paramos no Cheetah Park, um acampamento cujos donos criam cheetahs (guepardos). Visitamos a casa deles e eles têm, nada mais nada menos, três deste “amáveis” bichinhos como se fossem domésticos. Pudemos tocá-los, tirar fotos e vê-los devorar pedaços de carne crua.

Também fomos até a savana onde estão os outros cheetahs, pudemos vê-los de pertinho e o alvoroço que eles fazem quando um dos donos joga um pedação de carne no meio do mato e eles têm que disputar entre si quem leva a melhor!

À noite a galera tentou bancar uma de acrobata tentando passar por debaixo dos bancos do bar sem cair no chão, uma brincadeira que um dos donos colocou na roda. É claro que eu quis participar e não, não consegui passar sem cair...e ainda por cima cai com a coluna bem no ferro do banco e raspei minha coxa na quina...acabei a noite com um corte na coxa e mais de 10 roxos espalhados (juro, não estou brincando...um deles ainda está doendo inclusive). Enfim, c’est la vie!

Terceira parada foi em Spitzkoppe, uma região com umas formações geológicas animais, muito parecidas com as da Capadócia, na Turquia. Montanhas de pedras e rochas enormes, muito legal. Fizemos uma caminhada curta até o topo de uma das montanhas, mas eu parei no meio e esperei a galera terminar, pois era muito íngrime e confesso que fiquei com medo, hehehe.

Foi também a última vez que meu grupo (eu, Jen e Gareth) teve que cozinhar pra galera, um alívio porque é um saco ter que lavar todas aquelas panelas gordurentas sem água corrente, ou seja, numa bacia que depois de 1 minuto a água já está mais suja que a panela, mas a gente fecha os olhos e finge que ta tudo ok. Que higiene!

No menu carne de Oryx e Kudu, dois animais da savana africana parecidos com antílopes, e à noite fogueira e violão.

Adendo: aff, a galera estava uma sujeira só...sem chuveiro por quase 3 dias tava todo mundo desgrenhado e quase que fedendo não fosse o frio.

Na saída de Spitzkoppe o caminão atolou numa das estradas de areia. Quando fomos avisados do acontecido ao invés de todos ficarem preocupados ficamos é felizes, afinal quantas vezes o caminhão que você está usando para viajar o continente africano atola no meio da estrada? Quase nunca, então temos que olhar pelo lado positivo e ver aí uma ótima oportunidade para fotos enquanto os outros tentam empurrar o caminhão...e claro que eu era uma das que estavam fotografando e não ajudando, hehe.

Finalmente conseguiram tirar o caminhão da areia e chegamos em Swakopmund, no litoral da Namíbia, com direito à vista do Oceano Atlântico e cheirinho de Brasil cada vez mais perto!

(continua no próximo capítulo)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

ZimbÁAAAAAHHHHHHHbue!

Beleza, chegamos em Zimbábue, o país da ditadura do Mugabe e da água com cólera, mas também onde mais nos divertimos.

O primeiro dia no país não foi muito promissor...foi nosso primeiro dia inteirinho dentro do caminhão, o que torna as coisas meio chatas...estradas em más condições, café da manhã e almoço dentro do caminhão, inúmeras paradas para xixi e outras coisas, escutar música e ler (coisa que não conseguia fazer dentro de um carro de jeito nenhum, mas a tudo a gente se acostuma).

E pra melhorar a situação a comida foi racionada durante 3 dias e a quantidade estava pequena para cada um...eu estava com fome e ainda por cima peguei uma gripe meio pesada.

Nossa primeira parada foi em Harare, a capital. Com um pouco mais de infra-estrutura do que as outras cidades até agora, Harare tinha até prédio com mais de 5 andares!!!

O inverno africano estava começando a se fazer sentir, portanto fui atrás de uma touca e uma jaqueta. Na volta pro acampamento peguei um táxi e no final ainda tive que discutir com o taxista que queria me cobrar USD 5,00 a mais do que o combinado.

Problemas à parte, o acampamento era MUITO legal! Primeiro que tivemos um up-grade para dormir nos dormitórios de graça, e isso significa ter uma cama ao invés de barraca!!! O lugar ainda tinha zebras, leões, pássaros e ficava à beira de um lago imenso (Chaveo?).

Tivemos ainda uma festa à fantasia!!! Só que ao invés de cada um comprar a sua, fizemos uma espécie de amigo secreto e cada pessoa tinha que comprar a fantasia da pessoa que tirou e manter em segredo até o dia da festa.

Eu tirei a Sylvia (inglesa) e comprei pra ela uma calça de palhaço com suspensórios e uma blusa cinza cintilante breguíssima. E a Cat (também inglesa) me tirou...e me “presenteou” com uma fantasia de Cowgirl!!! Imaginem eu de mini-saia...tsc tsc. A festa foi ótima, fizemos poncho e todos estavam engraçadíssimos!

Nossa segunda parada no país foi no Antelope Park, uma mescla de hotel/ acampamento/ e parque nacional com inúmeros animais.

Na primeira noite o frio pegou pesado e estava muito difícil dormir confortavelmente. O saco de dormir não era o suficiente e os meus pés estavam literalmente congelados. Pelo menos uma coisa boa: o Tommy, um dinamarquês de 60 anos que sempre faz up-grade não estava mais usando o colchão dele e me deu de presente, então pelo menos as minhas costas receberam um melhor tratamento desta noite em diante.

No parque cada um fez a atividade que lhe interessava, com leoes, elefantes, cavalos, etc.

Eu, por minha vez, fiz apenas duas: lion walk e horse ride.

Lion walk, literalmente andar com leões, foi bem legal. Andamos na savana com dois leões ao nosso lado...tá certo que eram leões de menos de um ano cada, mas eram grandes como se fossem adultos!!!

Já andar a cavalo foi horrível! Meu cavalo queria trotar a toda hora e minhas costas ficaram toda dolorida, alem do fato de eu ter quase caído uma hora que ele decidiu correr...mas foi legal, vimos girafas, zebras e outros animais no lombo dos cavalos.

Ah, e eu fui até a cidade, comprei um cobertor e desde então tenho dormido quentinha!!!

Próxima parada foi em Great Zimbabwe Ruins. Antigamente foi a principal cidade do país, onde viviam os reis, escravos, etc. Mas hoje são apenas ruínas abertas aos visitantes. Foi quase como estar de novo em Angkor Wat, mas claro que era BEM menor e não tão glamouroso como as ruinas cambojanas.

Uma coisa que me surpreendeu: o rei tinha 200 mulheres! Agora uma questão: como ele dava conta de todas???

Enfim, próxima parada: Bulawayo.

Paramos nesta cidade exclusivamente para fazer um passeio para ver rinocerontes, mas eu não estava nem um pouco afim e estava tão frio que eu e mais umas 10 pessoas decidimos nao ir e ficar no acampamento, o que se revelou a melhor decisão de todas!!!

Primeiro porque todo mundo que foi no passeio acabou não vendo nenhum rinoceronte e segundo porque o acampamento tinha uma seção que era praticamente uma casa de vó, ou seja, aconchegante, com cozinha, sala e video cassete...onde assistimos Rocky III, pedimos pizza pelo telefone e fizemos up-grade para um quarto quentinho com cobertor quadriculado e tudo!!! Que luxo!

Última parada em Zimbábue: Victoria Falls!

Acordei toda enjoada...na noite anterior minhas costas ainda estavam doendo da caminhada a cavalo e o Tommy, que é massoterapeuta, me deu um remédio dizendo que no dia seguinte eu estaria melhor. Tomei o remédio e deu que no dia seguinte eu acoredei toda estranha, com fraqueza e vomitando. Quando eu questionei que raio de remédio ele tinha me dado ele diz, na maior tranqüilidade, que era um remédio à base de morfina!!!

O resultado foi que nas 6 horas de viagem até Victoria Falls eu fui deitada no caminhado igual uma moribunda, mas no dia seguinte já estava melhor.

No dia seguinte eu, Imogen, Ben, Mike, Michelle (todos ingleses), Flemming (dinamarquês), Leah, Jen e Sharon (americanas) fizemos o full adrenaline day, ou seja, um dia inteirinho dedicado a quase morrer!

Eram várias atividades. Começamos pelo Flying Fox, onde você é amarrado na cintura e tem que pular de uma plataforma onde imediatamente você é suspenso por cordas e suas pernas e braços ficam estendidos, como se você estivesse voando. Nao há nenhuma queda livre envolvida, mas só o fato de correr e saltar na beira de um penhasco simplesmente me aterrorizou e, na minha vez, quando o instrutor contou até 3 eu fiquei ali, paradona...tendo quase que ser arrastada para poder pular.

A segunda atividade era o Zip Line. Foi bem engracado. A gente sentava numa cadeira que era presa por umas cordas e do nada o cara soltava as cordas e ai você ia MUITO rápido ate o fim do penhasco gritando e sentindo aquele friozinha na barriga.

Na minha vez o instrutor pediu que eu virasse um pouco nas cordas...quando eu estava totalmente de costas para a queda e percebi que não era nenhum procedimento padrão eu disse que não queria ir de costas, mas não adiantou, ele me soltou e lá se foi uma Juliana!

A terceira atividade e a mais legal de todas foi Gorge Swing.

É quase igual ao Sky Coster do Hopi Hari, você está ligado a uma corda e se joga, literalmente, de uma queda livre de 70m gritando sem parar ate que a tal corda se faz presente e te joga de um lado pro outro como se fosse um pêndulo....a sensação é muito boa!!!

A quarta, última e mais aterrorizantes das atividades foi Rapel...tá, tá bom, eu sei que parece fácil...mas não gosto do fato de ter uma tremenda fossa embaixo de mim e ter que descer aos pouquinhos! Quando fiz rock climbing na Tailândia eu fiquei tão amedrontada que jurei que nunca mais ficaria pendurada numa rocha...mas acho que esqueci e lá estava eu de novo, quase cagando nas calças. Juro que quase chorei de medo!

Depois de passado esta fase difícil da minha vida (rsrsr) ainda tínhamos tempo para repetir uma das atividades e claro que escolhi Gorge Swing! É muito boa a sensação de estar caindo!!!!!

À noite jantamos em um outro acampamento próximo do nosso onde estava tendo uma apresentação de dança local...não é que um dos dançarinos me puxa pela mão e me põe pra dançar!!!

Lá estava eu, tentando acompanhar o ritmo frenético dos africanos, e pior: tentando rebolar!!!

No fim das contas toda a galera veio me dizer que eu arrasei na dança, que óbvio não dançei melhor que os locais, mas que coloquei todos os outros gringos no chinelo!

É por isso que gosto de gringo. Eles vêem você mecher um pouco a cintura e acham que você está dançando super bem quando qualquer brasileiro que se preze ia no mínimo achar lastimável a minha dança!

No dia seguinte fui logo de manhã cedo visitar as cataratas Victoria com a Sharon, minha companheira de barraca. Nem há palavras pra descrever o que eu vi. Logo no começo vimos um imenso arco-íris de tirar o fôlego, depois, caminhando mais adiate, vimos diferentes ângulos das cataratas que deixaram a gente sem palavras. É impressionante o quão pequenos nos sentimos diante da grandeza da natureza.

É igualmente impressionante o quanto uma catarata pode te deixar ensopada! Sério, sé de andar próximo a ela ficamos inteiramente molhadas com o vapor que vinha lá de baixo.

Depois das cataratas me despedi da Sharon, que terminava sua viagem por aqui e retornava a Boston.

À tarde, depois do almoco, me dirigi até a ponte que cruza o rio Zambezi, na fronteira do Zimbabwe e da Zambia, mas não estava indo até la para cruzar as fronteiras entre os dois paises não. Estava indo lá porque ali fica o 3º mais alto Bung Jump do mundo (111m) e eu estava prestes a pular!

Fazer um pulo com duas pessoas era mais barato, então eu e a Lucy (indonesiana) decidimos que pularíamos juntas.

Na hora do pulo a Lucy estava chorando, de verdade! Ela estava tão assustada que nem cabia em si...eu por minha vez estava um pouco mais calma...por ter feito o Gorge Swing um dia antes achei que seria a mesma coisa, mas quando chegou a nossa vez de verdade e tivemos que sentar ali no banquinho para que o instrutor nos amarrasse aí sim veio a sensacao estranha.

Enquanto ele amarrava os nossos pés em volta de umas toalhas a gente ficava cada vez mais nervosas, e o clímax foi quando ele pediu que a gente levantasse e se dirigisse até a borda da plataforma! 111m diante da gente, um abismo que parecia eterno, sem fim, e a gente ali, tendo que pular!

La vamos nóóóóóóóóósssssss!!!!!!!!!!!

Pulamos. E devo dizer que não gostei...não é só a queda livre, tem tambem o fato de você estar pulando com os pés presos e sendo assim sua cabeça fica para baixo o tempo todo e isso acarreta numa imensa pressão na mesma. A pressão é tão grande que parece que a cabeça vai explodir, e ainda para melhorar o quadro o seus pés parecem estar escapando das toalhas que os prendem...ou seja, a sensação de cabeça explodindo e pés escapando e você caindo no abismo não é legal!

Primeira e única vez que faço isso. Estou contente por ser um dos 3 mais altos do mundo e por ter encarado.

Ah, a Imogen (inglesa) e a Aoife (irlandesa) também fizeram um pulo juntas, só que vestindo as fantasias da festa!!! A primeira de cantora do Abba e a segunda de canguru!

Antes de sairmos do Zimbábue tivemos que dar tchau a 4 dos nossos companheiros de viagen: Sharon,Vicky,Tommy e Rachel....e ao mesmo tempo recebemos 4 novas pessoas (2 casais): Gareth e Shibon (ingleses) e Liz (inglesa) e Ligaya (filipina).

E eu, tendo perdido minha companheira de barraca, comecei entao a dividir a mesma com a israelense Liv, que terminou com o namorado no meio da viagem e precisava arranjar outra barraca...que novela, hein!

Nosso próximo pais: Botsuana.