domingo, 5 de julho de 2009

De um continente ao outro!

Cheguei em Hong Kong tarde da noite pra encontrar um albergue num prédio de natureza meio duvidosa, cheio de indianos tentando vender coisas, com os corredores cheirando a mofo e com uma velha na recepção meio grossa de mais pro meu gosto.

Com esta receptividade toda e com a perda da Silvão como minha companheira de viagem minhas primeiras horas em Hong Kong não foram muito promissoras. Andei pela Nathan Road, uma avenida com lojas, shoppings e parques. Parei no Kowloon Park pra ver os velhos praticando Tai Chi Chuan (?) e a noite fui me encontrar com a Janet, uma amiga do navio que mora em HK.

O encontro foi bem divertido. É bom encontrar alguém que fez parte de algo que ninguém em casa entende. Depois do jantar encontramos a Way Ip, outra amiga que estava de passagem em HK a caminho de Pequim. Fomos a uma casa de chá e pusemos o papo em dia.

No dia seguinte encontrei a Janet pro almoço no SoHo, um bairro estilosinho de HK, com bares descolados, restaurantes chiques, galerias de arte, etc. Óbvio que fomos num restaurante super local, com preços baratos, mas pra compensar a comida era bem desafiadora...não consegui encarar muito não!

Fui ainda até uma outra ilha de HK para visitar a estátua do Buda de bronze, a maior do mundo exposta ao ar livre. Por fim fui até o The Peak, o ponto mais alto da cidade onde se tem vistas da baía toda iluminada lá embaixo. Bem legal.

No meu último dia em HK e também na Ásia encontrei a Janet para um almoço rápido e, antes de ir pro aeroporto, dei um passeio pela região do porto. Fiquei sentada olhando a baía e os navios por uns belos 40-50 minutos.

Há 2 anos atrás eu nem imaginava ir até a Ásia, não imaginava rodar o mundo a bordo de um navio, não imaginava que teria que ir até este exato porto para o qual estava olhando agora pra pegar este navio, não imaginava que iria aprender tanto, conhecer tantas pessoas, ouvir tantas histórias, dar valor à coisas que eu nem sabia que me eram importantes, etc.

Há pouco mais de um ano, quando voltei ao Brasil, eu nunca imaginei que hoje estaria aqui de novo, olhando pro mesmo lugar onde tudo começou. Nunca imaginei que estaria de volta aqui, fazendo outra viagem ao redor do mundo, aprendendo muitas outras coisas novas, conhecendo mais pessoas, vivenciando outras experiências e assim por diante.

E a vida é surpreendente exatamente por isso: não adianta querer planejar muito, ela vai dar um jeito de fazer com que tudo ocorra diferente do esperado...e às vezes este diferente é muito melhor do que o esperado, e aí a gente vê beleza, a gente sente gratidão, realização, felicidade e uma imensa benção por, por algum motivo, você ter a sorte de poder fazer tudo isso.

Obrigada. Obrigada a Deus, aos cosmos, à natureza, ou seja lá o que quer que seja que quis que eu vivenciasse tudo isso agora. Obrigada aos meus pais por me proporcionarem esta experiência, mas especialmente por me incentivarem e não me acharem uma doida varrida.


ÁFRICA


No avião a caminho da África eu já conseguia sentir...sentir aquele cheirinho de Brasil. Da minha terra, meus amigos e minha família cada vez mais pertinho de mim! Mas antes eu tinha que dar uma descida na África pra mais 2 meses de viagem.

Cheguei em Nairóbi, Quênia, já tarde da noite e fui direto pro hotel onde conheci a Sharon, uma professora de 4ª série, americana, 39 anos que acabou se tornando a minha companheira de barraca.

Cedinho no dia seguinte conhecemos os outros integrantes deste grupo de viajantes que no mínimo tem que ter um pino a menos pra sair acampando pelo continente africano! 24 pessoas + o guia + o motorista. O grupo se deu bem logo de cara, o que facilita e ajuda a amenizar a saudades de casa.

Depois de feitas as apresentações caímos na estrada...literalmente! Um dia inteiro dentro do caminhão que nos levou do Quênia até a Tanzânia, mais precisamente até a cidade de Arusha, onde eu acampei pela primeira vez!

Observações: Montar uma barraca é muito mais fácil do que eu imaginava. Ter apenas um saco de dormir e nenhum colchão é muito mais dolorido do que eu imaginava. A sensação de estar acampando no meio da África é inexplicável!

No dia seguinte eu e a Sharon fomos até o centro de Arusha com transporte público, praticamente igual às lotações de São Paulo, mas muito mais apertadas e com muito mais gente (dá pra imaginar!?).

Rodamos um pouco pela cidade, que é bem pobre e voltamos pro acampamento no mesmo tipo de transporte, mas desta vez carregando crianças no colo! É que entrou essa mulher com 3 filhos e já não tinha mais espaço pra sentar, então eles colocam as crianças nos colos dos estranhos pra que elas não viagem em pé...e eu também entrei na dança e acabei por segurar uma delas. Ah, e ainda recebi proposta de casamento do cobrador e tudo, hahaha.

À tarde partimos para fazer safári no Ngorongoro Crater, uma cratera gigantesca de um extinto vulcão que hoje serve de habitat para uma diversidade de animais. Vimos zebras, gazelas, leões, hienas, búfalos e muitos outros, todos bem pertinho. Fomos também até o Serengeti, uma parque nacional famoso aqui na Tanzânia também pela diversidade da sua fauna.

Acampar no Serengeti foi uma experiência à parte, pois o acampamento não é isolado da natureza, ou seja, os animais vagam livremente pelas barracas! E assim mesmo aconteceu: antes de irmos dormir tinha um elefante enorme rondando a gente e ao amanhecer 4 girafas para nos dar bom dia!

Observações: Ir ao banheiro no meio da noite nem pensar, a menos que você queira correr o risco de ser atacado por uma hiena. Comida dentro da barraca também é inviável, a menos que você queira fazer uma super recepção para algum leão que eventualmente vai visitar a sua barraca durante a madrugada em busca dessa comidinha escondida...que faro, hein!

Próxima parada: Zanzibar, uma ilha da Tanzânia com areias brancas e águas azuis.

Pra chegar: Quase dois dias inteiros de estrada. E haja bunda pra aguentar ficar sentada enquanto o caminhão vai passando pelos intermináveis buracos das estradas africanas.

E as necessidades fisiológicas? Bom, essas são feitas agachadinha mesmo, na beira da estrada, basta apertar uma campainha dentro do caminhão pra informar que você está necessitada de uma paradinha básica.

Ah, e finalmente consegui descolar com o guia um colchão inflável meio vagabundo, tão fino que tenho que dobrá-lo na metade pra evitar que meu tronco toque o chão, mas já é um progresso. Melhor isso do que nada.

E vamos que vamos!

Um comentário:

Natalia disse...

juuu que saudade!!!
nossa, como eu queria estar ai acampando! mas ia sofrer em fazer xixi sem banheiro, nem ligo pro estado do lugar, mas preciso de uma portinha pra ele sair HAHAHA!!!
se cuide! beeeeijos!